sexta-feira, dezembro 30, 2005

Feliz 2006!



Na noite de Reveillon, costumo guardar uns minutinhos para, serenamente, recordar aqueles que, durante o ano que ora termina, imprimiram a sua pegada no meu caminho… seja de uma forma negativa, seja positivamente…

Este ano, transportarei para este momento todos quantos, de uma forma ou de outra, fui "conhecendo" neste espaço virtual...

Um bem-haja a todos e votos de um 2006 repleto de Luz!

marta

"CATECHESI TRADENDAE"

A par da Bíblia Sagrada, do Catecismo da Igreja Católica, do Directório Geral da Catequese. de guias formativos dos cursos de catequistas (onde se inclui o excelente "Catequistas XXI"), julgo que na cabeceira de cada Catequista deveria estar providenciado quase que obrigatoriamente um texto que tem tanto de fundamental como de maravilhoso: a Exortação Apostólica «CATECHESI TRADENDAE», de João Paulo II.

Esta exortação (do latim exhortatióne - advertência, conselho, estímulo, incitamento), data de 16 de Outubro de 1979, por altura do segundo ano do pontificado de João Paulo II.

É de uma delícia indescritível a mensagem que João Paulo II nos propicia nesta revelação.

Por hoje, deixo alguns excertos deste maná que não me canso nunca de saborear...

1. A catequese foi sempre considerada pela Igreja como uma das suas tarefas primordiais, porque Cristo ressuscitado, antes de voltar para o Pai, deu aos Apóstolos uma última ordem: fazer discípulos de todas as nações e ensinar-lhes a observar tudo aquilo que lhes tinha mandado (1). Deste modo lhes confiava Cristo a missão e o poder de anunciar aos homens aquilo que eles próprios tinham ouvido do Verbo da Vida, visto com os seus olhos, contemplado e tocado com as suas mãos (2). Ao mesmo tempo, confiava-lhes ainda a missão e o poder de explicar com autoridade aquilo que Ele lhes tinha ensinado, as suas palavras e os seus actos, os seus sinais e os seus mandamentos. E dava-lhes o Espírito Santo, para realizar tal missão.

(1) Cf Mt 28, 19
(2) Cf 1Jo 1,1


6 – (...) A preocupação constante de todo o catequista, seja qual for o nível das suas responsabilidades na Igreja, deve ser a de fazer passar, através do seu ensino e do seu modo da comportar-se, a doutrina e a vida de Jesus Cristo. Assim, há-de procurar que a atenção e a adesão da inteligência e do coração daqueles que catequiza não se detenha em si mesmo, nas suas opiniões e atitudes pessoais; e sobretudo não há-de procurar inculcar as suas opiniões e opções pessoais, como se elas exprimissem a doutrina e as lições de vida de Jesus Cristo. Todos os catequistas deveriam poder aplicar a si próprios a misteriosa palavra de Jesus: “A minha doutrina não é minha mas d'Aquele que me enviou” (13).

(13) Jo 7,16


9. Ao fazer esta evocação, não esqueço que a Majestade de Cristo quando ensinava, a coerência e a força persuasiva únicas do seu ensino, não se conseguem explicar senão porque as suas palavras, parábolas e raciocínios nunca são separáveis da sua vida e do seu próprio ser. Neste sentido, toda a vida de Cristo foi um ensinar contínuo: os seus silêncios, os seus milagres, os seus gestos, a sua oração, o seu amor pelo homem, a sua predilecção pelos pequeninos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na cruz pela redenção do mundo e a sua ressurreição, são o actuar-se da sua palavra e o realizar-se da sua revelação. (...)


19. A especificidade da catequese, distinta do primeiro anúncio do Evangelho que suscita conversão, visa o duplo objectivo de fazer amadurecer a fé inicial e de educar o verdadeiro discípulo de Cristo, mediante um conhecimento mais aprofundado e sistemático da Pessoa e da mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo (49). (…)

(49) Synodus Episcoporum, De catechesi hoc nostro tempere tradenda praesertirn pueris atque iuvenibus, Ad Populum Dei Nuntius, n. 1: loc. cit., pp. 3 ss.; cf. “L'Osservatore Romano” (30 de Outubro de 1977), p. 3.


20 – (...) Mais precisamente, a finalidade da catequese, no conjunto da evangelização, é a de construir a fase de ensino e de ajuda à maturação do cristão que, depois de ter aceitado pela fé a Pessoa de Jesus Cristo como único Senhor e após ter-Lhe dado uma adesão global, por uma sincera conversão do coração, se esforça por melhor conhecer o mesmo Jesus Cristo, ao qual se entregou: conhecer o seu «mistério», o Reino de Deus que Ele anunciou, as exigências e promessas contidas na sua mensagem evangélica e os caminhos que Ele traçou para todos aqueles que O querem seguir.
Se é verdade, portanto, que ser cristão significa dizer “sim” a Jesus Cristo, convém recordar que tal “sim” se situa a dois níveis: consiste, antes de mais, em abandonar-se à Palavra de Deus e apoiarse nela; mas comporta também, num segundo momento, o esforçar-se por conhecer cada vez melhor o sentido profundo dessa Palavra.


23 – (…) a catequese conserva sempre uma referência aos Sacramentos; toda a catequese leva necessariamente aos Sacramentos da fé. Por outro lado, a autêntica prática dos Sacramentos tem forçosamente um aspecto catequético. Por outras palavras, a vida sacramental empobrece-se e depressa se torna ritualismo oco, se não estiver fundado num conhecimento sério do que significam os Sacramentos. E a catequese intelectualiza-se, se não for haurir vida na prática sacramental.


27 - A catequese sempre há-de haurir o seu conteúdo na fonte viva da Palavra de Deus, transmitida na Tradição e na Escritura. (…)


29 – (…) De tudo isto se deduz a importância duma catequese que inclua as exigências morais e pessoais requeridas pelo Evangelho, e as atitudes cristãs frente à vida e frente ao mundo, sejam elas heróicas ou as mais simples: nós costumamos chamar-lhes virtudes cristãs ou virtudes evangélicas. Daí também o cuidado a ter na catequese em não omitir, nem deixar de esclarecer como convém, num constante esforço de educação da fé, realidades como a acção do homem para a sua libertação integral (73), o empenho na busca de uma sociedade mais solidária e fraterna e o compromisso na luta pela justiça e pela construção da paz. (…)

(73) Cf. Paulo PP. VI, Exortação Apostólica Evangelli Nuntiandi, nn. 30-38: AAS 68 (1976), pp. 25-30.


32 - O grande movimento que por inspiração do Espírito de Jesus, de há alguns anos para cá, vem impelindo a Igreja Católica a procurar com outras Igrejas ou confissões cristãs a recomposição da perfeita unidade desejada pelo Senhor, leva-me a dizer uma palavra sobre o carácter ecuménico da catequese. Esse movimento assumiu todo o relevo no Concílio Vaticano II (82). A partir daí revestiu-se na Igreja de nova amplidão, concretizada numa série impressionante de factos e iniciativas que já todos conhecem. A catequese não pode ficar alheia a esta dimensão ecuménica. Todo e qualquer fiel, cada um segundo a sua capacidade e situação na Igreja, é chamado a participar no movimento para a unidade (83). A catequese terá, pois, uma dimensão ecuménica sempre que, sem deixar de ensinar que a plenitude das verdades reveladas e dos meios de salvação instituídos por Cristo se mantém na Igreja (84), fizer tal ensino com sincero respeito em palavras e obras, para com as comunidades eclesiais que não estão em perfeita comunhão com esta mesma Igreja.

(82) Cf. todo o Decreto sobre o Ecumenismo Unitatis Redintegratio: AAS 57 (1965). pp. 90-112.
(83) Cf. ibidem; n. 5: 1. c., p. 96; cf. também Concílio Ecuménico Vaticano II, Decreto sobre a Actividade Missionária da Igreja Ad Gentes, n. 15; AAS 58 (1966), pp. 963-965; Sagrada Congregação para o Clero, Directorium Catechisticum Generale, n. 27; AAS 64 (1972), p. 115.
(84) Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Decreto sobre o Ecumenismo Unitatis Redintegratio, nn. 3-4: AAS 57 (1965), pp. 92-96.


55 – (…) A pluralidade de métodos na catequese contemporânea pode ser sinal de vitalidade e de talento inventivo. Em qualquer hipótese, importa que o método escolhido se atenha acima de tudo a uma lei fundamental para toda a vida da Igreja: a lei da fidelidade a Deus e da fidelidade ao homem, numa única atitude de amor.


58 – (…) Ora sucede que há também uma pedagogia da fé; e nunca será demais tudo o que se disser sobre o que essa pedagogia pode contribuir para a catequese. É normal que se adaptem à educação da fé as técnicas aperfeiçoadas e comprovadas da educação em geral. No entanto, importa ter em conta em cada momento a originalidade própria da fé. Na pedagogia da fé, não se trata simplesmente de transmitir um saber humano, por mais elevado que se considere; trata-se de comunicar na sua integridade a Revelação de Deus. Ora ao longo de toda a história sagrada, sobretudo no Evangelho, o próprio Deus serviu-se de uma pedagogia que deve continuar a ser modelo para a pedagogia da fé. Nenhuma técnica será válida na catequese senão na medida em que for posta ao serviço da fé a transmitir e a educar; caso contrário, não terá valor.


60 – (…) Quando educamos crianças, adolescentes e jovens, não lhe demos da fé um conceito totalmente negativo – com um não-saber absoluto, uma espécie de cegueira, uni mundo de trevas; procuremos antes fazer-lhes ver que a atitude de procura humilde e corajosa do crente, longe de partir do nada, de simples ilusões, de opiniões falíveis, de incertezas, se funda na Palavra de Deus, que não se engana nem engana, e se constrói incessantemente sobre a rocha inabalável dessa Palavra. É a procura dos Magos no seguimento de uma estrela (106), procura a respeito da qual, retomando um pensamento de Santo Agostinho, escrevia Pascal de maneira
profundíssima: “Tu não me buscarias, se não me tivesses já encontrado” (107).

(106) Cf. Mt. 2,1 ss
(107) PASCAL-Blaise, Le mystère de Jésus: Pensées, n. 553.


62 - Agora, caríssimos Irmãos e Filhos, desejaria que as minhas palavras, escritas à maneira de grave e ardente exortação, ditada pelo meu ministério de Pastor da Igreja universal, inflamassem os vossos corações, como as Cartas de São Paulo inflamaram seus companheiros de Evangelho Tito e Timóteo; ou então, vos alentassem como Santo Agostinho, quando escreveu esse verdadeiro tratado em ponto pequeno, sobre a alegria de catequizar (112), dirigido ao Diácono Deogratias, que andava desalentado com a sua tarefa de catequista. Sim, desejaria semear abundantemente nos corações de tão numerosos e diversos responsáveis pelo ensino religioso e pela preparação para uma vida conforme ao Evangelho, a coragem, a esperança e o entusiasmo.

(112) De catechizandis rudibus: PL 40,310-347.


66 - Desejo agradecer-vos em nome de toda a Igreja, também a vós, catequistas paroquiais, leigos, homens, e mulheres em maior número ainda, a vós todos que pelo mundo inteiro vos dedicastes à educação religiosa de numerosas gerações. A vossa actividade, muitas vezes humilde e escondida, mas realizada com zelo inflamado e generoso, é uma forma eminente de apostolado leigo, particularmente importante naquelas partes onde, por diversas razões, as crianças e os jovens não recebem no lar formação religiosa conveniente. Quantos somos, realmente, aqueles que recebemos de pessoas como vós as primeiras noções de catecismo e a preparação para o sacramento da Penitência, para a primeira Comunhão, para a Confirmação! (…) vos encorajo a prosseguir na colaboração que prestais à vida da Igreja.


67 – (…) a paróquia, como se disse acima, continua a ser o lugar privilegiado da catequese. Precisa para isso de reencontrar a sua vocação neste aspecto, que é a de ser a casa de família, fraterna e acolhedora, onde os baptizados e confirmados tomam consciência de ser Povo de Deus e onde o pão da boa doutrina e o pão da Eucaristia lhes são repartidos com abundância, no quadro de um único acto de culto (117); é daí que são quotidianamente reenviados para a sua missão apostólica em todos os sectores da vida do mundo.

(117) Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, nn. 35,52: AAS 56 (1964), pp. 109, 114; cf. também Institutio Generalis Missalis Ronzani, promulgado por decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, a 6 de Abril de 1969, n. 33 (…)


(Se alguém quiser a versão integral deste documento, basta enviar-me uma mensagem para catequiso.existo@mail.pt).

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Uma tarefa...

Num dia da semana passada, o (D) saiu-se com esta:

D: - A Marta é católica, ñ é?
m: - Sim, sou....
D: - Ah, pois… é Catequista, ñ é?


m: - Sim, faço Catequese…
D: - Olhe, então vou-lhe dar uma tarefa...
m: - ?!?!
D: - Quero q me convença a deixar a minha filha fazer a Primeira Comunhão… Ora bem, ñ é bem 'deixar', porque isso eu nem me importo… A mulher quer até fazer uma grande festança… Mas queria q me juntasse um conjunto de argumentos q me mostrem porque é q a minha filha deve fazer a Primeira Comunhão...


Bom, esta foi a base da conversa...

Dando seguimento à mesma, fiquei ainda a saber q o D nem tinha a certeza se a filha frequentava a Catequese ou ñ ("- A mulher é q trata dessas coisas, de as levar e de as ir buscar às actividades extra-escolares..." – ai, ai... desde quando a Catequese é uma actividade "extra-escolar"??)...

Fiquei ainda a saber q o D fez a Primeira Comunhão (e a segunda? terceira?)... só ñ fez "aquela coisa do óleo" ("coisa do óleo" ??)... Mais tarde percebi q afinal até tinha um outro nome para "aquela coisa do óleo"...era: "aquela coisa q dá para ser padrinho"... Nossa!! Estamos a falar duma 'palavra' tão simples quanto sublime como 'Confirmação' – confirmar, comprovar, autenticar, validar a nossa opção de Fé.

Posto isto, nem ousei questionar se acreditava em Deus...
E nem foi preciso...

D – Mas olhe q eu ñ ligo a nada disso!...

Bom, ok...

Sabem o q mais me assusta?

É saber q este é um exemplo entre tantos...

Um exemplo entre tantos pais q ñ fazem ideia se os filhos frequentam ou ñ a Catequese..
Um exemplo entre tantos católicos q ñ conhecem minimamente o nome "daquelas coisas"...
Um exemplo entre tantos baptizados q ñ se identificam nem ficaram minimamente marcados com o caminho percorrido, q, embora obedecendo a um ritualismo "imposto", ñ mais procuraram aprofundar...
[(Faço aqui um parêntese para reforçar a urgência da extensão da Catequese de Adultos)]

Mas, por outro lado, sabem o q me regozija?

É saber q há uma busca, uma procura do porquê... Há uma curiosidade... quase q ouso chamar-lhe de 'inquietação'... E isso é bom!

m – Ah!, então na opinião do D, Deus ñ Existe?
D – Isso ñ sei... ñ sei se Existe ou ñ...


Ñ deixa de ser um bom ponto de partida... Ñ sabe se Deus Existe ou ñ... mas quer saber... e está disposto a explorar.



Ora bem, posto isto...
Hipótese 1 - Posso ignorar e fingir que esqueci esta conversa, não é nada comigo...
Hipótese 2 - Posso recordar e aplicar as técnicas de argumentação e persuasão que adquiri em algumas acções de formação que frequentei...
Hipótese 3 - Posso (ficar-me por) dar o meu parecer, o meu testemunho...
Mas também,
Hipótese 4 - Posso fazer algo!

Decidi assumir pois esta tarefa e a responsabilidade que a mesma acarreta... Suporto esta decisão numa frase de Bento XVI, quando dizia que "A Fé não se reduz a um sentimento privado". Esta é a resposta àquela reflexão da filósofa Simone Weil: "Por q é bom q eu exista, em vez de existir apenas Deus?"... Aqui está....
Nem mesmo Deus, com todo o Seu poder, pode forçar um ser humano a amar, ou a amá-lO, ou a amar a Igreja...

Como Catequista, ñ me parece q seja essa a minha missão: forçar, obrigar, argumentar, aguardar contra-argumento, ripostar novamente... Ufa! Nada disso!

Afinal, actualmente, podemos fazer a mesma escolha dos homens de há 2000 anos: crer ou descrer. A evidência hoje é precisamente a mesma daquela época.

Por isso, ñ me parece q a abordagem do 'convença-me' seja a mais acertada... neste caso específico, prefiro talvez ir pela vertente do 'o que é', 'desde quando', 'para quê' , 'porquê' a Eucaristia. Ñ quero fazer desta "tarefa" um campo de batalha, onde eu 'lanço uma granada', e espero 'uma bomba' de resposta, a partir da qual 'lançarei um missil', e por aí fora...

Não!

Da (humilde) experiência q vou coleccionando quer da Catequese com crianças, quer mesmo de vivências do quotidiano, urgem iniciativas corajosas e audazes (evidentemente, obedecendo a uma assertividade permanente), onde temos q reconhecer q as contribuições tradicionais já ñ se ajustam muito bem a pessoas psico, socio e culturalmente diferentes daquilo q eram há umas décadas atrás.

Quase q se torna, por isso, necessário "re-inventar" quase tudo: o tipo de abordagem, a simbologia, etc... sem nunca alteramos a essência, que é o Amor de/em Deus.

E porque as tarefas criativas são mais motivadoras q as repetitivas, vou começar pois a reunir algum material...

Entretanto, conto com a vossa colaboração em mais esta vivência real de evangelização, quer através do email (catequiso.existo@mail.pt), quer aqui no próprio blog.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Feliz Natal!



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Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce
Uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
Que há no ventre da Mulher ...

(Ary dos Santos)

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Votos de um Santo Natal!

terça-feira, outubro 04, 2005

Uma questão de fé...

Há palavras e sensações vividas que as palavras jamais poderão expressar.

O que vivi este fim-de-semana foi um desses momentos, que guardarei como um tesouro muito especial, daqueles que quase não podemos repartir com ninguém.

De um breve internamento numa unidade de saúde para uma excisão de um nódulo que me andava a "incomodar", recolhi verdadeiros testemunhos de luta, de coragem e de determinação de quem nunca baixa os braços à vida.

Permitam-me partilhar parte do diálogo travado com uma das pacientes, a D. Alice, que jazia naquela cama há cerca de 3 semanas, "sem saber bem o que tinha, mas que não era nada de bom isso não era... ", dizia.

Percebendo o meu pouco à vontade naquelas andanças (ou melhor, o meu mais que visível medo), recordava-me que "a fé ajuda muito. Nunca devemos abandonar a Fé, pois a Fé é que nos salva", assegurava.

Pediu para me fazer uma pergunta... Disse que sim... "Bom, vai-me perguntar se eu tenho fé – pensei eu – pergunta óbvia dada a trajectória do diálogo"... Então, lá fui preparando a resposta.. "-Bom – continuei a pensar para comigo – claro que tenho fé... Creio, acredito, procuro viver nEle... logo, tenho fé! Ok, venha a pergunta que a resposta está pronta!"

Pronta para assumir a minha clara opção de fé, disse-lhe que sim, que claro que me podia fazer uma pergunta..

E a D. Alice sai-se com esta: "Sabe o que é a Fé, não sabe?"

Ai! Com esta é que eu não contava!

Disse-lhe qualquer coisa como "Ter fé é aceitar Jesus, é viver nEle, com Ele..."

A D. Alice olhou para mim com quase um ar de desprezo... e disse: "Isso não é a fé! Isso são palavras bonitas... A Fé não é só isso..."

Continuei: "Ter fé é não duvidar... é como uma prenda que nos é dada no Baptismo, a partir do momento em que começamos a fazer parte da família de Deus. Depois, ao longo da nossa vida de cristãos, temos que ir fazendo crescer essa fé, blablablabla...."

Bom, melhor seria estar calada :-)) ... A D. Alice perguntou-me se eu tinha acabado de saír da Catequese, que é onde "as crianças decoram essas coisas" !! Corei!!!

Tomei a liberdade de lhe perguntar então o que era para ela a "Fé".

Respondeu-me com a sua história de vida...

Começou por me contar que, no início da doença, procurou rezar mais intensamente... havia começado para esta mãe, esposa, avó, empregada fabril, colega, etc., uma outra vida, cheia de obstáculos que estava disposta a vencer.

Depois, não compreendia como isto lhe acontecera a ela, que até ia à Missa todos os Domingos, que dava esmola, que cumpria promessas.

Não desanimou. "Quem pensa em desistir, já desistiu antes de começar". E foi nesse momento que resolveu lutar.

Uma luta que não se ficou só pelas coisas que se vêem... Mas sobretudo por aquilo que se tem cá dentro...

Passou semanas em que procurou encontrar-se consigo e com Deus. Colocou "um" e "outro" e viu que afinal, poderia colocar "um" no "outro".

Reparou que quando fazia questão que Deus estivesse com ela, encontrava tranquilidade, paz de espírito, razão para existir e mais alguma força para enfrentar mais um dia. O que nem sempre é fácil nas circunstâncias em causa. Passou a chamar a estes os "momentos de Deus"...

Porém, nos momentos de revolta, insegurança, dor, para além destes serem maus, ela própria acabava por se sentir pior ainda! Passou a chamar a estes os "outros"...

Diz que foi nesta altura que começou a saber o que é a Fé... a Fé era PAZ, serenidade, bem-estar... porque os momentos de Deus eram PAZ, serenidade, bem-estar... E os "outros" não!...

Aliás, dizia mais: que entendia que tudo por quanto passou e estava a passar como uma missão de que foi encarregue.

Que dantes ainda tinha medo, mas só porque achava que não estava "fadada" para estas tarefas. Mas agora, que sabia que caminhava serena e pacificamente em direcção ao Pai, agradecia a Deus pelo que já havia cumprido.

Perguntei-lhe, num sussurro, se não tinha medo...

Resposta: "-Ah! Isso é para os "outros" "...

É difícil exprimir por palavras o que senti naquele momento...

Vi que à minha frente estava alguém que dificilmente se deixaria envolver numa guerra sem ganhar, de preferência, todas as batalhas.

Nesse momento, os meus olhos disseram aquilo que a boca já não permitiu...

Procurando disfarçar, trocámos olhares e foi no silêncio que demos continuidade ao nosso diálogo, agora em oração....

Lamento não conseguir exprimir com maior autenticidade o que significaram para mim estes momentos... É difícil explicar por palavras o turbilhão de sentimentos que a mensagem desta senhora me passou... Palavras bem mais simples do que aquelas que escrevo, mas bem mais robustas e agradáveis..

Como Catequista, foi mais um elixir no arranque deste novo Ano Catequético...

D. Alice, se um dia ainda vier a usar esta "modernice do computador", espero que veja aqui o meu "Muito Obrigada" pela inimaginável riqueza que me deu nas poucas horas que estive consigo.

De qualquer forma, como "prometido é devido", no próximo sábado agradeço-lhe pessoalmente...

Dizia Madre Teresa de Calcutá que "O fruto da oração é a fé; O fruto da fé é o amor; O fruto do amor é o serviço; O fruto do serviço é a paz".

Logo, raciocínio lógico aplicado, o fruto da fé é a paz... tem razão a D. Alice!...

sexta-feira, setembro 23, 2005

A beleza de um jardim consiste no colorido das suas FLORES, não na homonegeidade

Conversa no MSN, anteontem à noite:

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flor says:
nem me digas. olha k ja perdi o jeito
marta says:
de que?
flor says:
de falar dEle
flor says:
e se calhar de o viver
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A “flor” (continuemos a chamar-lhe assim), é uma das minhas melhores amigas, conhecemo-nos acho que desde sempre... Frequentámos a mesma turma, partilhámos alegrias, emoções, segredos, experiências, vivências. Uma das riquezas que comungámos foi o nosso “sim” em abraçarmos a festa de fazer Catekese.

Talvez por isso eu tenha recebido com admiração este “perdi o jeito de falar dEle, de O viver”...

Mas, vendo bem, o que é certo é que os desafios na vida, as decisões que têm que ser tomadas “em cima do joelho”, a família, a profissão, a conjectura ecnómico-social, etc, atiram-nos para realidades que cada vez mais nos conduzem a sentimentos de insegurança e instabilidade, interferindo fortemente na (des)centralidade de Cristo na vida de cada um de nós.

Este afastamento progressivo de Deus, este desinteresse gradual pelas coisas que não se vêem, começam a ser uma realidade cada vez mais comum... E a “flor” não foi excepção... Recordo agora uma frase que ouvi no Dia Diocesano do Catequista e que na altura me quis parecer exagerada: “Ser agnóstico está na moda”.

E perguntamos: como é que isto acontece?

Será que se “perde o jeito” de ser testemunho? Perder-se-á o “jeito” de viver em Deus?

Porque é cada vez mais comum o ”Não sei, não sei, é melhor não arriscar...!” ?

Bom, a verdade, é que, a irmos na conversa do “não sei”, bom, então não sabemos muitas coisas!

Deixa cá ver... como, por exemplo, não sabemos porque não faz sol todos os dias;

Não sabemos quantos de nós estarão aqui amanhã a ler este post;

Não sabemos até o porquê desse amor tão grande que Deus tem para connosco...

E vendo todos estes “não sei”, urge chegar o momento de também nós não sabermos... de não sabermos ficar calados :-)

A sério!

Há-que cortar o mal pela raíz” - não da “flor”, claro! :-))

E como lá diz o ditado que “Metade da obra tem feito quem começa bem e com jeito”, lá estamos nós às voltas com a temática da “Iniciação Cristã”, do “Despertar Religioso”, da “Catekese d Adultos”, das “Novas formas d Catekese”... São abordagens que não é por acaso que começam a fazer sentido dentro dos actuais pressupostos.

Urge pois estabelecer um encontro pessoal com Jesus... sem medo, sem meros ritualismos, sem vergonha, mas também sem exibicionismos. Uma experiência individual autêntica que proporcione e impulsione a experiência comunitária...

Urge uma catequese de aprofundamento, de amadurecimento, de querer saber mais, de estar esclarecido...

Urge a autenticidade, o sentido de compromisso... comigo, com o outro, com a comunidade, com Deus...

Urge uma atitude de fé radical, de confiança total.

Bom, e hoje fico por aqui...

sexta-feira, setembro 16, 2005

Lá diz o povo: 'Quem é vivo, ...'

Pois é, ora então cá estamos de volta!

E, como não podia deixar de ser, com uma palavrinha rápida (mas genuína) à organização do Dia Dicoesano do Catequista: OBRIGADA!

O ambiente, a temática central, os sub-temas dos ateliers, a riqueza do programa, o cuidado da organização... Bom, simplesmente o ‘grão de mostarda’ (Mt 17, 20) necessário no arranque de um novo ano catequético!

terça-feira, agosto 30, 2005

E porque Catequese é transmissão de uma mensagem de vida...

A vida é uma oportunidade, aproveita-a...
A vida é beleza, admira-a...
A vida é felicidade, degusta-a...
A vida é um sonho, torna-o realidade...
A vida é um desafio, enfrenta-o...
A vida é um dever, cumpre-o...
A vida é um jogo, joga-o...
A vida é preciosa, cuida dela...
A vida é uma riqueza, conserva-a...
A vida é amor, goza-o...
A vida é um mistério, descobre-o...
A vida é promessa, cumpre-a...
A vida é tristeza, supera-a...
A vida é um hino, canta-o...
A vida é uma luta, aceita-a...
A vida é aventura, arrisca-a...
A vida é alegria, merece-a...
A vida é vida, defende-a...

(Madre Teresa de Calcutá)

segunda-feira, agosto 29, 2005

Qual é o tamanho de Deus?


2002/2003
1º Ano

Numa das sessões de início do ano, observávamos umas roupas de bebé, enquanto conversávamos o quanto já havíamos crescido, e a que níveis...
O L.P. até dizia que já media mais de 1 metro!
Então a C., levanta o dedo e pergunta:
- E quantos metros mede Jesus?
Resposta imediata do R., abrindo os braços:
- Ora, Jesus é deste tamanho!




*****
É uma questão pertinente a da C. : ‘Qual é o tamanho de Deus?

quarta-feira, agosto 24, 2005

Um lugar importante...

Ora bem, hoje vamos ter uma visita guiada....
... à Sala de Catequese que acolheu os grupos que orientei no decorrer do ano agora terminado.

A Sala que ocupámos é um espaço que, embora único, está ‘dividido’ internamente em várias partes.

Comecemos pelo CANTINHO DA ORAÇÃO, um espaço onde criamos como que um pequeno altar (redondo! - o balde que usávamos na limpeza furou num descuido). A toalha de renda colocada por cima do balde, está adornada com flores artificiais. Dos lados, saem dois holofotes (bom, digamos antes ‘mini-holofotes’... são daqueles que se colocam habitualmente nos lagos de jardim). Em cima do ‘altar’ uma vela e a Bíblia (Infantil, mas não menos Palavra de Deus). Em frente, uma almofada. Do lado esquerdo uma imagem ‘bem gira’ de Jesus... Está a preto/branco, é certo, mas akele sorriso dispensa qualquer cor! Do lado oposto, uma de Maria...
É aqui que (pois,... mais na altura dos testes!!), vamos ‘apanhando’ um ou outro Catequizando fora do horário da sessão, sentado na almofada ora a ler a Bíblia, ora de mãos juntas à cabeça, ora simplesmente a olhar... Bom, também há aqueles que são especialistas em investigar de quantos Volts serão as lâmpadas dos holofotes (mini-holofotes!)...

No canto adjacente da Sala, temos o CANTINHO DA(S) PALAVRA(S). Este espaço surgiu já quase no final do Ano Catequético, por sugestão da turma do 5º ano. Numa das sessões em que abordámos a Parábola dos Talentos, chegámos à conclusão de que uns tinham jeito para poemas, outros para desenhos... Decidimos então criar este ‘cantinho’: um placard de esferovite colocado em cima de uma fileira de paralelos, por sua vez cobertos com um tecido dourado muito lindo que a L. trouxe de casa.

Ao lado, a todo o comprimento, o MURAL DA LITURGIA. Nesta parede, vão sendo colocadas umas folhas com a indicação da passagem Bíblica dos vários domingos do tempo litúrgico que atravessamos. Por baixo, ‘circula’ uma grande seta com a indicação ‘Estamos aqui’. É uma forma de, para além de introduzir a temática dos tempos litúrgicos, leva a uma maior atenção dos catequizandos na própria Eucaristia, uma vez que já sabem ‘o que o Sr. Padre vai dizer!’ (palavras da B.).

No canto oposto ao Cantinho da(s) Palavra(s), está o CANTINHO DO AMBIENTE. Três cestos iguais trazem a mensagem da Reciclagem, do reaproveitamento de matérias, da protecção da irmã Natureza (irmã porque O Pai, O Criador, é O mesmo). Um dos cestos está decorado a azul, outro a amarelo, e o último a verde. (PS: Minimizava eu a importância deste último, até ao momento em que começaram a trazer de casa os frascos vazios, os copos partidos, as garrafas de vidro.. Tudo porque ‘lá em casa a mãe e o pai não querem ter trabalho, apesar de eu, Catequista, querer proteger o ambiente, mesmo que isso me dê trabalho a mim.’ - palavras da C., num dos dias em que trouxe para a Catequese um saco cheio de frascos de café e compota vazios).

Do lado oposto ao Cantinho do Ambiente, temos o CANTINHO DA BRINCADEIRA. Não!, Não é o que pensam!! Para os jogos e brincadeiras, felizmente, por fazer Catequese numa aldeia, é só o tempo permitir e cá estamos nós no Adro da Igreja, por sinal bem extenso... Felizmente damos outra utilidade ao Cantinho da Brincadeira... Bom, pensando bem, talvez no próximo ano lhe devêssemos trocar o nome e colocar qualquer coisa do género como ‘Cantinho-Armazém’, ou ‘Cantinho daquilo que não precisamos durante a sessão de Catequese e que de certeza nos iria distrair se estivesse por perto’.... Ufa.... que extenso... Talvez Cantinho da Brincadeira seja mesmo a melhor escolha... Passo a explicar: no início de cada Sessão, cada um (Catequizandos + Catequistas + Eventuais ‘Convidados’ - pais, irmãos), coloca neste espaço decorado com cores garridas objectos como pacotes de batatas fritas, guardas-chuvas, gameboys, bolas, bonés, mochilas, malas, telemóveis (sim, sim... segundo a minha estatística, 90 % das crianças das duas turmas que acompanhei tinha telemóvel!!. Só um pormenor: tratam-se de crianças que frequentam o 4º e 5º ano!). O Cantinho da Brincadeira dá assim uma valiosa ajuda na matérias das distracções.

Para terminar, o centro da sala... Como somos em média 30 por sessão, a solução que arranjamos foi colocar as cadeiras em círculo a toda a volta da sala, deixando uns espaços de entrada para os vários ‘Cantinhos’ acima citados.

Depois, no centro da sala, duas metades de um tronco no chão compõem a n/ mesa da partilha.

Sobre a metade superior, umas espigas de trigo e um crucifixo de cortiça em cima do tecido que sobrou daquele que a L. tinha trazido na altura em que criámos o Cantinho da(s) Palavra(s).

Na metade inferior do tronco, uma vela e algumas florinhas artificiais soltas completam a decoração.

Ah! Já esquecia!, antes de saírmos para férias, substituímos o ‘Mural da Liturgia’ pela ‘Parede do Compromisso’, onde afixamos com letras bem garrafais o nosso propósito de ‘Férias Sim, Mas Não de Jesus!’.



(Foto-Motagem da minha amiga MHeymer)


E, bom, este é o passeio guiado ao espaço que nos acolhe todas as semanas...

E vós, Catequistas, o que partilhais sobre o espaço onde recebeis os Catequizandos?

Que ideias / sugestões quereis dividir?

Já agora, que relação tem o local da Catequese com o alcance com maior / menor sucesso do objectivo de cada sessão? E com a motivação do grupo?

Será que podemos criar uma lista de ‘requisitos’ mínimos a que deve obedecer o espaço onde fazemos Catequese? Quais os objectos essenciais que devem existir num espaço onde se faz Catequese?


Ou melhor: será que as paróquias de uma forma geral desfrutam de infra-estruturas que permitam que os Catequistas possam acolher com a dignidade adequada o grupo?

Ainda neste campo: qual a prioridade dada na paróquia relativamente à reparação / edificação de espaços para a Catequese?

... Eu, pessoalmente, sei de uma ou outra paróquia onde os Catequistas têm que se sujeitar a ocupar os bancos da Igreja para fazer Catequese... E muitas vezes (principalmente nos dias de chuva), reúnem-se 2 e 3 grupos na mesma igreja, no mesmo horário...

Bom, aguardo as v/ impressões...



terça-feira, agosto 23, 2005

‘Modelos de Catequese’ vs ‘Catequese Modelo’

Abordo hoje uma temática que me parece pertinente para reflexão antes do arranque de mais um Ano Catequético: os vários ‘Modelos de Catequese’...

Qual / Quais aquele(s) com que mais identifico as sessões que apresento semanalmente?

Consigo distinguir as características de um e de outro modelo nas minhas Sessões de Catequese?

Haverá um só modelo a respeitar e seguir? Haverá uma fórmula mágica para a Catequese ideal?

Poderei eu a partir dos vários ‘Modelos de Catequese’, chegar à ‘Catequese Modelo’?

Bom, está aberta a partilha...

(Crédito: Site da Catequisar.com.br)

MODELO DOUTRINÁRIO

PRINCÍPIOS:

  • especial apego à Bíblia
  • decorar textos e respostas
  • prima pela clareza e segurança
  • as verdades não podem ser discutidas
  • o objectivo básico é convencer
  • exemplos bíblicos e vida dos santos são importantíssimos
  • a catequese nem sempre se liga à vida
  • resposta ao Protestantismo

CATEQUISTA:

  • é um professor, um expositor
  • exige ordem, disciplina
  • silêncio imposto
  • ar de seriedade
  • aprendizagem à base de decoração
  • todos os textos iguais e sempre os mesmos

CATEQUIZANDO:

  • é mero receptor
  • está vazio e a catequese deve preenchê-lo com ideias e conceitos
  • presta atenção para entender bem e prestar contas
  • não é sujeito mas objecto da catequese

MÉTODO:

  • dedutivo-expositivo
  • indiferenciado: formulário para todos
  • programa pré-determinado
  • pouco dado à Bíblia, mais de saber religioso
  • controlado pela autoridade eclesiástica
  • fidelidade ao depósito da fé

MODELO ESCOLAR

PRINCÍPIOS:

  • acentua as verdades das quais o catequizando é receptor
  • aprofunda e defende os dogmas e as verdades
  • o catecismo Pio X torna a catequese mais sistemática com mais frequência aos sacramentos
  • domina a ignorância religiosa
  • predispõe a criança para receber bem os sacramentos
  • a escola é a grande aliada da catequese

CATEQUISTA:

  • tem que ser hábil e didacta, como todo o professor
  • deve testemunhar com a vida o que fala
  • deve ser bem relacionado com os catequizandos (alunos de catequese!)
  • conhece bem a psicologia e as necessidades dos catequizandos

CATEQUIZANDO:

  • tem o dever de aprender, assimilar e viver a doutrina
  • deve participar nas actividades através de cantos, pesquisas, desenhos, empenho na caridade
  • é receptor (meramente) da instrução do catequista

MÉTODO:

  • intuitivo: procura despertar a verdade através do elemento perceptivo
  • gradual: subdivide os programas
  • activo: suscita interesse
  • marcado ainda por "noções"
  • catequese = aula
  • catequista = professor (a)
  • catequizando = aluno (a)

MODELO PSICOLÓGICO

PRINCÍPIOS:
  • começou a ser utilizado mais no começo do século XX
  • atende mais às necessidades das pessoas
  • mais ligado à vida
  • utiliza imagens, desenhos, histórias, histórias, lendas
  • as celebrações litúrgicas e a Bíblia são mais valorizadas
  • a verdade abstracta é apresentada através de Factos Bíblicos e Liturgias

CATEQUISTA:
  • explicador da Mensagem, mas sempre muito fiel às fontes da revelação e da Liturgia
  • educador respeitoso, atento aos ensinamentos reais e das concretas capacidades dos educandos
  • usa mais a psicologia e torna a catequese atraente

CATEQUIZANDO:
  • não é somente um recitador de conceitos e fórmulas, mas participa
  • respeitam-se os seus interesses, gostos, carismas, inclinações pessoais mas, quanto ao conteúdo, permanece passivo

MÉTODO:
  • indutivo, sensível ao mundo concreto
  • método psicológico, porém rígido, esquemático, previsto
  • recai sobre a criança e as suas exigências
  • parte do concreto para o abstracto
  • usa recursos bíblicos, litúrgicos aplicados à vida e com síntese

MODELO EXISTENCIAL

PRINCÍPIOS:

  • educação da fé voltada para a vida
  • importância dos aspectos psicológicos
  • catequese vê a situação do homem
  • catequese que acentua a necessidade de libertação como acentua Cristo no Evangelho
  • denuncia as múltiplas opressões
  • encara o homem concreto; Deus fala na vida do povo. Revela-Se na história

CATEQUISTA:

  • testemunha qualificada de Cristo
  • ajuda o catequizando a viver a Palavra, colocando-o ao serviço de Deus e do próximo
  • utiliza-se da psicologia, da didáctica e da sociologia
  • conhece bem a realidade sócio-política-cultural do povo

CATEQUIZANDO:

  • é acolhido e respeitado naquilo que é: na vida familiar, individual, social, cultural, habilidades práticas, fantasia, criatividade
  • atende-se à sua vida concreta, aspirações e experiências

MÉTODO:

  • antropológico: valoriza as pessoas e as comunidades
  • promove experiências concretas de fé, esperança e amor
  • valoriza todas as fontes de catequese (criação, história, Bíblia, Liturgia, visão eclesial)
  • atende mais às capacidades de cada educando e da comunidade
  • é permanente: propõe fé para todas as idades e situações de vida

sábado, agosto 20, 2005

"ISTO É 'XELENTE!"


Início do Ano Catequético (Fev 2005)
O M. está no 5º Ano. Assume um pouco a função de líder daquele grupinho que organiza as partidas de fútebol duas horas antes da Catequese começar... Ah!, ele e o J.!

Esta era a segunda vez que estávamos juntos este ano. Num grupo de 27 pré-adolescentes, 50% já tinha estado comigo no ano anterior... Bom, os restantes 50% eram 'caras conhecidas'...

Vamos então à 'história' do M.

Agora me lembro que o H. e a B. tinham faltado.

Ora, depois do Acolhimento, o M., numa descontração dakelas, olha para mim com um ar muito de 'chefe', pede para falar e sai-se com esta:

M. - Olha, Catequista, quero q saibas DESDE JÁ que eu só venho à Catequese porque quero casar e o Sr. Padre só deixa casar quem tiver feito o Crisma. Quero que saibas que é só mesmo por isso que eu estou aqui... Só tou mesmo à espera de fazer o Crisma... Portanto, não me xates!

(bom, passo a traduzir esta última parte: "Não gostaria mesmo nada de ser incomodado, por favor!")

Passados 2 meses, no final de uma sessão em que o M. (à semelhança de sessões anteriores) havia participado activamente:
M. - Ó Catequista, olha, afinal eu venho à Catequese porque isto aqui é 'xelente'! ...

:-)

TU AMAS-ME?

***************

“Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro:
- Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?
Pedro respondeu:
- Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.
Jesus disse-lhe:
- Apascenta os meus cordeiros.
Voltou a perguntar-lhe uma segunda vez:
- Simão, filho de João, tu amas-me?
Ele respondeu:
- Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.
Jesus disse-lhe:
- Apascenta as minhas ovelhas.
E perguntou-lhe, pela terceira vez:
- Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?
- Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: 'Tu és deveras meu amigo?'
Mas respondeu-lhe:
- Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!
E Jesus disse-lhe:
- Apascenta as minhas ovelhas.”
(Jo 21,15-17)

***************

Pois é...

Tal como há 2000 anos atrás fez com Pedro, Jesus também me foi perguntando: ‘Tu és minha amiga, tu amas-me?'

E eu, qual Pedro, lá respondia: ‘Tu sabes que sim...’

E a pergunta surgia novamente: ‘Tu és minha amiga, tu amas-me?'

E outra, e outra vez...

Embora em corpo de adolescente, a minha mente e o meu coração crescidos não compreendiam o porquê de tanta insistência... Bolas! Parecia que não Via... Como é que eu podia não amá-lO? Era uma aluna esforçada, atenta, estudiosa, ia à Catequese todos os sábados, à Missa todos os domingos... Procurava nas minhas orações buscar uma intimidade cada vez maior com Ele... E, bolas, como era possível que sentisse sempre a mesma e inquietante questão: ‘Tu amas-me?’

Não precisava... mas, dada a teimosia que me caracteriza, decidi de uma vez por todas ‘abrir o jogo’ e dizer: ‘Tu sabes que sim. Vou demonstrá-lo!’

Bom, ok... eu sabia que não era Pedro (=pedra)... sabia que não passava de um grãozinho de areia... mas há-que avançar...

Após a Profissão de Fé, ingressei no Grupo de Catequistas da minha paróquia... Imediatamente fiquei comprometida! Não ‘descolei’ mais!! Não dá! É mais forte do que eu!! É uma vivência diária! São as pesquisas na net, são os 5 minutos diários para preparação da sessão do sábado seguinte, é a troca de telefonemas e sms com os restantes Catequistas, é o testemunho diário desta festa que é SER CATEQUISTA!

E porque o catequista não age sozinho, mas em comunhão, este é pois um espaço que (espero eu) venha a:

aperfeiçoar conhecimentos
trocar sensibilidades
partilhar experiências e testemunhos
actualizar informações
escutar, reflectir e aprofundar vivências de adesão e intimidade com Jesus
cultivar o espírito de convívio entre Catequistas (e não só)
viver a alegria pela Igreja, pela Bíblia, pela Eucaristia
... simplesmente, celebrar este entusiasmo de dar e receber a pessoa de Jesus!

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