segunda-feira, dezembro 26, 2005

Uma tarefa...

Num dia da semana passada, o (D) saiu-se com esta:

D: - A Marta é católica, ñ é?
m: - Sim, sou....
D: - Ah, pois… é Catequista, ñ é?


m: - Sim, faço Catequese…
D: - Olhe, então vou-lhe dar uma tarefa...
m: - ?!?!
D: - Quero q me convença a deixar a minha filha fazer a Primeira Comunhão… Ora bem, ñ é bem 'deixar', porque isso eu nem me importo… A mulher quer até fazer uma grande festança… Mas queria q me juntasse um conjunto de argumentos q me mostrem porque é q a minha filha deve fazer a Primeira Comunhão...


Bom, esta foi a base da conversa...

Dando seguimento à mesma, fiquei ainda a saber q o D nem tinha a certeza se a filha frequentava a Catequese ou ñ ("- A mulher é q trata dessas coisas, de as levar e de as ir buscar às actividades extra-escolares..." – ai, ai... desde quando a Catequese é uma actividade "extra-escolar"??)...

Fiquei ainda a saber q o D fez a Primeira Comunhão (e a segunda? terceira?)... só ñ fez "aquela coisa do óleo" ("coisa do óleo" ??)... Mais tarde percebi q afinal até tinha um outro nome para "aquela coisa do óleo"...era: "aquela coisa q dá para ser padrinho"... Nossa!! Estamos a falar duma 'palavra' tão simples quanto sublime como 'Confirmação' – confirmar, comprovar, autenticar, validar a nossa opção de Fé.

Posto isto, nem ousei questionar se acreditava em Deus...
E nem foi preciso...

D – Mas olhe q eu ñ ligo a nada disso!...

Bom, ok...

Sabem o q mais me assusta?

É saber q este é um exemplo entre tantos...

Um exemplo entre tantos pais q ñ fazem ideia se os filhos frequentam ou ñ a Catequese..
Um exemplo entre tantos católicos q ñ conhecem minimamente o nome "daquelas coisas"...
Um exemplo entre tantos baptizados q ñ se identificam nem ficaram minimamente marcados com o caminho percorrido, q, embora obedecendo a um ritualismo "imposto", ñ mais procuraram aprofundar...
[(Faço aqui um parêntese para reforçar a urgência da extensão da Catequese de Adultos)]

Mas, por outro lado, sabem o q me regozija?

É saber q há uma busca, uma procura do porquê... Há uma curiosidade... quase q ouso chamar-lhe de 'inquietação'... E isso é bom!

m – Ah!, então na opinião do D, Deus ñ Existe?
D – Isso ñ sei... ñ sei se Existe ou ñ...


Ñ deixa de ser um bom ponto de partida... Ñ sabe se Deus Existe ou ñ... mas quer saber... e está disposto a explorar.



Ora bem, posto isto...
Hipótese 1 - Posso ignorar e fingir que esqueci esta conversa, não é nada comigo...
Hipótese 2 - Posso recordar e aplicar as técnicas de argumentação e persuasão que adquiri em algumas acções de formação que frequentei...
Hipótese 3 - Posso (ficar-me por) dar o meu parecer, o meu testemunho...
Mas também,
Hipótese 4 - Posso fazer algo!

Decidi assumir pois esta tarefa e a responsabilidade que a mesma acarreta... Suporto esta decisão numa frase de Bento XVI, quando dizia que "A Fé não se reduz a um sentimento privado". Esta é a resposta àquela reflexão da filósofa Simone Weil: "Por q é bom q eu exista, em vez de existir apenas Deus?"... Aqui está....
Nem mesmo Deus, com todo o Seu poder, pode forçar um ser humano a amar, ou a amá-lO, ou a amar a Igreja...

Como Catequista, ñ me parece q seja essa a minha missão: forçar, obrigar, argumentar, aguardar contra-argumento, ripostar novamente... Ufa! Nada disso!

Afinal, actualmente, podemos fazer a mesma escolha dos homens de há 2000 anos: crer ou descrer. A evidência hoje é precisamente a mesma daquela época.

Por isso, ñ me parece q a abordagem do 'convença-me' seja a mais acertada... neste caso específico, prefiro talvez ir pela vertente do 'o que é', 'desde quando', 'para quê' , 'porquê' a Eucaristia. Ñ quero fazer desta "tarefa" um campo de batalha, onde eu 'lanço uma granada', e espero 'uma bomba' de resposta, a partir da qual 'lançarei um missil', e por aí fora...

Não!

Da (humilde) experiência q vou coleccionando quer da Catequese com crianças, quer mesmo de vivências do quotidiano, urgem iniciativas corajosas e audazes (evidentemente, obedecendo a uma assertividade permanente), onde temos q reconhecer q as contribuições tradicionais já ñ se ajustam muito bem a pessoas psico, socio e culturalmente diferentes daquilo q eram há umas décadas atrás.

Quase q se torna, por isso, necessário "re-inventar" quase tudo: o tipo de abordagem, a simbologia, etc... sem nunca alteramos a essência, que é o Amor de/em Deus.

E porque as tarefas criativas são mais motivadoras q as repetitivas, vou começar pois a reunir algum material...

Entretanto, conto com a vossa colaboração em mais esta vivência real de evangelização, quer através do email (catequiso.existo@mail.pt), quer aqui no próprio blog.

2 Comments:

At 27 dezembro, 2005 17:51, Anonymous Anónimo said...

A indiferen�a dos pais � um problema muito s�rio na catequese assim como na escola, etc.

Os pais t�m que ser alertados de que colocar um filho no mundo � uma coisa, e outra totalmente diferente � educar um filho.

Da nossa parte resta-nos fazer o melhor que pudermos. Beijinhos, Nanda

 
At 29 dezembro, 2005 13:14, Anonymous Anónimo said...

Creio que tem uma grande «tarefa» a realizar com D. Apenas um conselho: abra todo o seu ser ao Espírito que dá a Vida! Ele, que vê no segredo do seu coração [e no coração do D] lhe dirá o que dizer.
Mas, não se esqueça: não podemos dar o que não possuímos, por isso umas «leituras» poderão ser utilíssimas para si. Que tal começar por S. Paulo?

Bom ano de 2006, em paz e bem!

 

Enviar um comentário

<< Home

Number of online users in last 3 minutes
Free Hit Counter