sexta-feira, dezembro 30, 2005

Feliz 2006!



Na noite de Reveillon, costumo guardar uns minutinhos para, serenamente, recordar aqueles que, durante o ano que ora termina, imprimiram a sua pegada no meu caminho… seja de uma forma negativa, seja positivamente…

Este ano, transportarei para este momento todos quantos, de uma forma ou de outra, fui "conhecendo" neste espaço virtual...

Um bem-haja a todos e votos de um 2006 repleto de Luz!

marta

"CATECHESI TRADENDAE"

A par da Bíblia Sagrada, do Catecismo da Igreja Católica, do Directório Geral da Catequese. de guias formativos dos cursos de catequistas (onde se inclui o excelente "Catequistas XXI"), julgo que na cabeceira de cada Catequista deveria estar providenciado quase que obrigatoriamente um texto que tem tanto de fundamental como de maravilhoso: a Exortação Apostólica «CATECHESI TRADENDAE», de João Paulo II.

Esta exortação (do latim exhortatióne - advertência, conselho, estímulo, incitamento), data de 16 de Outubro de 1979, por altura do segundo ano do pontificado de João Paulo II.

É de uma delícia indescritível a mensagem que João Paulo II nos propicia nesta revelação.

Por hoje, deixo alguns excertos deste maná que não me canso nunca de saborear...

1. A catequese foi sempre considerada pela Igreja como uma das suas tarefas primordiais, porque Cristo ressuscitado, antes de voltar para o Pai, deu aos Apóstolos uma última ordem: fazer discípulos de todas as nações e ensinar-lhes a observar tudo aquilo que lhes tinha mandado (1). Deste modo lhes confiava Cristo a missão e o poder de anunciar aos homens aquilo que eles próprios tinham ouvido do Verbo da Vida, visto com os seus olhos, contemplado e tocado com as suas mãos (2). Ao mesmo tempo, confiava-lhes ainda a missão e o poder de explicar com autoridade aquilo que Ele lhes tinha ensinado, as suas palavras e os seus actos, os seus sinais e os seus mandamentos. E dava-lhes o Espírito Santo, para realizar tal missão.

(1) Cf Mt 28, 19
(2) Cf 1Jo 1,1


6 – (...) A preocupação constante de todo o catequista, seja qual for o nível das suas responsabilidades na Igreja, deve ser a de fazer passar, através do seu ensino e do seu modo da comportar-se, a doutrina e a vida de Jesus Cristo. Assim, há-de procurar que a atenção e a adesão da inteligência e do coração daqueles que catequiza não se detenha em si mesmo, nas suas opiniões e atitudes pessoais; e sobretudo não há-de procurar inculcar as suas opiniões e opções pessoais, como se elas exprimissem a doutrina e as lições de vida de Jesus Cristo. Todos os catequistas deveriam poder aplicar a si próprios a misteriosa palavra de Jesus: “A minha doutrina não é minha mas d'Aquele que me enviou” (13).

(13) Jo 7,16


9. Ao fazer esta evocação, não esqueço que a Majestade de Cristo quando ensinava, a coerência e a força persuasiva únicas do seu ensino, não se conseguem explicar senão porque as suas palavras, parábolas e raciocínios nunca são separáveis da sua vida e do seu próprio ser. Neste sentido, toda a vida de Cristo foi um ensinar contínuo: os seus silêncios, os seus milagres, os seus gestos, a sua oração, o seu amor pelo homem, a sua predilecção pelos pequeninos e pelos pobres, a aceitação do sacrifício total na cruz pela redenção do mundo e a sua ressurreição, são o actuar-se da sua palavra e o realizar-se da sua revelação. (...)


19. A especificidade da catequese, distinta do primeiro anúncio do Evangelho que suscita conversão, visa o duplo objectivo de fazer amadurecer a fé inicial e de educar o verdadeiro discípulo de Cristo, mediante um conhecimento mais aprofundado e sistemático da Pessoa e da mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo (49). (…)

(49) Synodus Episcoporum, De catechesi hoc nostro tempere tradenda praesertirn pueris atque iuvenibus, Ad Populum Dei Nuntius, n. 1: loc. cit., pp. 3 ss.; cf. “L'Osservatore Romano” (30 de Outubro de 1977), p. 3.


20 – (...) Mais precisamente, a finalidade da catequese, no conjunto da evangelização, é a de construir a fase de ensino e de ajuda à maturação do cristão que, depois de ter aceitado pela fé a Pessoa de Jesus Cristo como único Senhor e após ter-Lhe dado uma adesão global, por uma sincera conversão do coração, se esforça por melhor conhecer o mesmo Jesus Cristo, ao qual se entregou: conhecer o seu «mistério», o Reino de Deus que Ele anunciou, as exigências e promessas contidas na sua mensagem evangélica e os caminhos que Ele traçou para todos aqueles que O querem seguir.
Se é verdade, portanto, que ser cristão significa dizer “sim” a Jesus Cristo, convém recordar que tal “sim” se situa a dois níveis: consiste, antes de mais, em abandonar-se à Palavra de Deus e apoiarse nela; mas comporta também, num segundo momento, o esforçar-se por conhecer cada vez melhor o sentido profundo dessa Palavra.


23 – (…) a catequese conserva sempre uma referência aos Sacramentos; toda a catequese leva necessariamente aos Sacramentos da fé. Por outro lado, a autêntica prática dos Sacramentos tem forçosamente um aspecto catequético. Por outras palavras, a vida sacramental empobrece-se e depressa se torna ritualismo oco, se não estiver fundado num conhecimento sério do que significam os Sacramentos. E a catequese intelectualiza-se, se não for haurir vida na prática sacramental.


27 - A catequese sempre há-de haurir o seu conteúdo na fonte viva da Palavra de Deus, transmitida na Tradição e na Escritura. (…)


29 – (…) De tudo isto se deduz a importância duma catequese que inclua as exigências morais e pessoais requeridas pelo Evangelho, e as atitudes cristãs frente à vida e frente ao mundo, sejam elas heróicas ou as mais simples: nós costumamos chamar-lhes virtudes cristãs ou virtudes evangélicas. Daí também o cuidado a ter na catequese em não omitir, nem deixar de esclarecer como convém, num constante esforço de educação da fé, realidades como a acção do homem para a sua libertação integral (73), o empenho na busca de uma sociedade mais solidária e fraterna e o compromisso na luta pela justiça e pela construção da paz. (…)

(73) Cf. Paulo PP. VI, Exortação Apostólica Evangelli Nuntiandi, nn. 30-38: AAS 68 (1976), pp. 25-30.


32 - O grande movimento que por inspiração do Espírito de Jesus, de há alguns anos para cá, vem impelindo a Igreja Católica a procurar com outras Igrejas ou confissões cristãs a recomposição da perfeita unidade desejada pelo Senhor, leva-me a dizer uma palavra sobre o carácter ecuménico da catequese. Esse movimento assumiu todo o relevo no Concílio Vaticano II (82). A partir daí revestiu-se na Igreja de nova amplidão, concretizada numa série impressionante de factos e iniciativas que já todos conhecem. A catequese não pode ficar alheia a esta dimensão ecuménica. Todo e qualquer fiel, cada um segundo a sua capacidade e situação na Igreja, é chamado a participar no movimento para a unidade (83). A catequese terá, pois, uma dimensão ecuménica sempre que, sem deixar de ensinar que a plenitude das verdades reveladas e dos meios de salvação instituídos por Cristo se mantém na Igreja (84), fizer tal ensino com sincero respeito em palavras e obras, para com as comunidades eclesiais que não estão em perfeita comunhão com esta mesma Igreja.

(82) Cf. todo o Decreto sobre o Ecumenismo Unitatis Redintegratio: AAS 57 (1965). pp. 90-112.
(83) Cf. ibidem; n. 5: 1. c., p. 96; cf. também Concílio Ecuménico Vaticano II, Decreto sobre a Actividade Missionária da Igreja Ad Gentes, n. 15; AAS 58 (1966), pp. 963-965; Sagrada Congregação para o Clero, Directorium Catechisticum Generale, n. 27; AAS 64 (1972), p. 115.
(84) Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Decreto sobre o Ecumenismo Unitatis Redintegratio, nn. 3-4: AAS 57 (1965), pp. 92-96.


55 – (…) A pluralidade de métodos na catequese contemporânea pode ser sinal de vitalidade e de talento inventivo. Em qualquer hipótese, importa que o método escolhido se atenha acima de tudo a uma lei fundamental para toda a vida da Igreja: a lei da fidelidade a Deus e da fidelidade ao homem, numa única atitude de amor.


58 – (…) Ora sucede que há também uma pedagogia da fé; e nunca será demais tudo o que se disser sobre o que essa pedagogia pode contribuir para a catequese. É normal que se adaptem à educação da fé as técnicas aperfeiçoadas e comprovadas da educação em geral. No entanto, importa ter em conta em cada momento a originalidade própria da fé. Na pedagogia da fé, não se trata simplesmente de transmitir um saber humano, por mais elevado que se considere; trata-se de comunicar na sua integridade a Revelação de Deus. Ora ao longo de toda a história sagrada, sobretudo no Evangelho, o próprio Deus serviu-se de uma pedagogia que deve continuar a ser modelo para a pedagogia da fé. Nenhuma técnica será válida na catequese senão na medida em que for posta ao serviço da fé a transmitir e a educar; caso contrário, não terá valor.


60 – (…) Quando educamos crianças, adolescentes e jovens, não lhe demos da fé um conceito totalmente negativo – com um não-saber absoluto, uma espécie de cegueira, uni mundo de trevas; procuremos antes fazer-lhes ver que a atitude de procura humilde e corajosa do crente, longe de partir do nada, de simples ilusões, de opiniões falíveis, de incertezas, se funda na Palavra de Deus, que não se engana nem engana, e se constrói incessantemente sobre a rocha inabalável dessa Palavra. É a procura dos Magos no seguimento de uma estrela (106), procura a respeito da qual, retomando um pensamento de Santo Agostinho, escrevia Pascal de maneira
profundíssima: “Tu não me buscarias, se não me tivesses já encontrado” (107).

(106) Cf. Mt. 2,1 ss
(107) PASCAL-Blaise, Le mystère de Jésus: Pensées, n. 553.


62 - Agora, caríssimos Irmãos e Filhos, desejaria que as minhas palavras, escritas à maneira de grave e ardente exortação, ditada pelo meu ministério de Pastor da Igreja universal, inflamassem os vossos corações, como as Cartas de São Paulo inflamaram seus companheiros de Evangelho Tito e Timóteo; ou então, vos alentassem como Santo Agostinho, quando escreveu esse verdadeiro tratado em ponto pequeno, sobre a alegria de catequizar (112), dirigido ao Diácono Deogratias, que andava desalentado com a sua tarefa de catequista. Sim, desejaria semear abundantemente nos corações de tão numerosos e diversos responsáveis pelo ensino religioso e pela preparação para uma vida conforme ao Evangelho, a coragem, a esperança e o entusiasmo.

(112) De catechizandis rudibus: PL 40,310-347.


66 - Desejo agradecer-vos em nome de toda a Igreja, também a vós, catequistas paroquiais, leigos, homens, e mulheres em maior número ainda, a vós todos que pelo mundo inteiro vos dedicastes à educação religiosa de numerosas gerações. A vossa actividade, muitas vezes humilde e escondida, mas realizada com zelo inflamado e generoso, é uma forma eminente de apostolado leigo, particularmente importante naquelas partes onde, por diversas razões, as crianças e os jovens não recebem no lar formação religiosa conveniente. Quantos somos, realmente, aqueles que recebemos de pessoas como vós as primeiras noções de catecismo e a preparação para o sacramento da Penitência, para a primeira Comunhão, para a Confirmação! (…) vos encorajo a prosseguir na colaboração que prestais à vida da Igreja.


67 – (…) a paróquia, como se disse acima, continua a ser o lugar privilegiado da catequese. Precisa para isso de reencontrar a sua vocação neste aspecto, que é a de ser a casa de família, fraterna e acolhedora, onde os baptizados e confirmados tomam consciência de ser Povo de Deus e onde o pão da boa doutrina e o pão da Eucaristia lhes são repartidos com abundância, no quadro de um único acto de culto (117); é daí que são quotidianamente reenviados para a sua missão apostólica em todos os sectores da vida do mundo.

(117) Cf. Concílio Ecuménico Vaticano II, Constituição sobre a Sagrada Liturgia Sacrosanctum Concilium, nn. 35,52: AAS 56 (1964), pp. 109, 114; cf. também Institutio Generalis Missalis Ronzani, promulgado por decreto da Sagrada Congregação dos Ritos, a 6 de Abril de 1969, n. 33 (…)


(Se alguém quiser a versão integral deste documento, basta enviar-me uma mensagem para catequiso.existo@mail.pt).

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Uma tarefa...

Num dia da semana passada, o (D) saiu-se com esta:

D: - A Marta é católica, ñ é?
m: - Sim, sou....
D: - Ah, pois… é Catequista, ñ é?


m: - Sim, faço Catequese…
D: - Olhe, então vou-lhe dar uma tarefa...
m: - ?!?!
D: - Quero q me convença a deixar a minha filha fazer a Primeira Comunhão… Ora bem, ñ é bem 'deixar', porque isso eu nem me importo… A mulher quer até fazer uma grande festança… Mas queria q me juntasse um conjunto de argumentos q me mostrem porque é q a minha filha deve fazer a Primeira Comunhão...


Bom, esta foi a base da conversa...

Dando seguimento à mesma, fiquei ainda a saber q o D nem tinha a certeza se a filha frequentava a Catequese ou ñ ("- A mulher é q trata dessas coisas, de as levar e de as ir buscar às actividades extra-escolares..." – ai, ai... desde quando a Catequese é uma actividade "extra-escolar"??)...

Fiquei ainda a saber q o D fez a Primeira Comunhão (e a segunda? terceira?)... só ñ fez "aquela coisa do óleo" ("coisa do óleo" ??)... Mais tarde percebi q afinal até tinha um outro nome para "aquela coisa do óleo"...era: "aquela coisa q dá para ser padrinho"... Nossa!! Estamos a falar duma 'palavra' tão simples quanto sublime como 'Confirmação' – confirmar, comprovar, autenticar, validar a nossa opção de Fé.

Posto isto, nem ousei questionar se acreditava em Deus...
E nem foi preciso...

D – Mas olhe q eu ñ ligo a nada disso!...

Bom, ok...

Sabem o q mais me assusta?

É saber q este é um exemplo entre tantos...

Um exemplo entre tantos pais q ñ fazem ideia se os filhos frequentam ou ñ a Catequese..
Um exemplo entre tantos católicos q ñ conhecem minimamente o nome "daquelas coisas"...
Um exemplo entre tantos baptizados q ñ se identificam nem ficaram minimamente marcados com o caminho percorrido, q, embora obedecendo a um ritualismo "imposto", ñ mais procuraram aprofundar...
[(Faço aqui um parêntese para reforçar a urgência da extensão da Catequese de Adultos)]

Mas, por outro lado, sabem o q me regozija?

É saber q há uma busca, uma procura do porquê... Há uma curiosidade... quase q ouso chamar-lhe de 'inquietação'... E isso é bom!

m – Ah!, então na opinião do D, Deus ñ Existe?
D – Isso ñ sei... ñ sei se Existe ou ñ...


Ñ deixa de ser um bom ponto de partida... Ñ sabe se Deus Existe ou ñ... mas quer saber... e está disposto a explorar.



Ora bem, posto isto...
Hipótese 1 - Posso ignorar e fingir que esqueci esta conversa, não é nada comigo...
Hipótese 2 - Posso recordar e aplicar as técnicas de argumentação e persuasão que adquiri em algumas acções de formação que frequentei...
Hipótese 3 - Posso (ficar-me por) dar o meu parecer, o meu testemunho...
Mas também,
Hipótese 4 - Posso fazer algo!

Decidi assumir pois esta tarefa e a responsabilidade que a mesma acarreta... Suporto esta decisão numa frase de Bento XVI, quando dizia que "A Fé não se reduz a um sentimento privado". Esta é a resposta àquela reflexão da filósofa Simone Weil: "Por q é bom q eu exista, em vez de existir apenas Deus?"... Aqui está....
Nem mesmo Deus, com todo o Seu poder, pode forçar um ser humano a amar, ou a amá-lO, ou a amar a Igreja...

Como Catequista, ñ me parece q seja essa a minha missão: forçar, obrigar, argumentar, aguardar contra-argumento, ripostar novamente... Ufa! Nada disso!

Afinal, actualmente, podemos fazer a mesma escolha dos homens de há 2000 anos: crer ou descrer. A evidência hoje é precisamente a mesma daquela época.

Por isso, ñ me parece q a abordagem do 'convença-me' seja a mais acertada... neste caso específico, prefiro talvez ir pela vertente do 'o que é', 'desde quando', 'para quê' , 'porquê' a Eucaristia. Ñ quero fazer desta "tarefa" um campo de batalha, onde eu 'lanço uma granada', e espero 'uma bomba' de resposta, a partir da qual 'lançarei um missil', e por aí fora...

Não!

Da (humilde) experiência q vou coleccionando quer da Catequese com crianças, quer mesmo de vivências do quotidiano, urgem iniciativas corajosas e audazes (evidentemente, obedecendo a uma assertividade permanente), onde temos q reconhecer q as contribuições tradicionais já ñ se ajustam muito bem a pessoas psico, socio e culturalmente diferentes daquilo q eram há umas décadas atrás.

Quase q se torna, por isso, necessário "re-inventar" quase tudo: o tipo de abordagem, a simbologia, etc... sem nunca alteramos a essência, que é o Amor de/em Deus.

E porque as tarefas criativas são mais motivadoras q as repetitivas, vou começar pois a reunir algum material...

Entretanto, conto com a vossa colaboração em mais esta vivência real de evangelização, quer através do email (catequiso.existo@mail.pt), quer aqui no próprio blog.

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Feliz Natal!



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Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce
Uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
Que há no ventre da Mulher ...

(Ary dos Santos)

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