quinta-feira, janeiro 26, 2006

Uma questão de peito

A DL é uma das Catequistas do n/ grupo [(somos 3 – eu, a DL e a I. (um dia ainda hei-de falar da (agradável) surpresa que tem sido trabalhar com esta última)].

Mas voltando agora à DL...

A DL é ama de duas crianças. Uma delas é o A., um menino com 5 anos, figurinha pequenina até para a idade, ar reguila, mas desconfiado, de porte geralmente sério.

Contava-me a DL que o A. gosta mesmo muito de rezar, de falar com Jesus, de pedir a protecção do Anjo da Guarda… tudo muito do 'seu jeito', dentro da inocência e da pureza de coração que o caracterizam…

Até aqui, tudo ok… agora, que não falem ao A. em fazer o Sinal da Cruz completo… Começa pela testa, sim senhor, passa para a boca… e daí 'salta' para a cruz grande!!

Recusa-se prontamente a fazer a cruz do peito e a dizer as palavras 'dos nossos inimigos'...

O motivo?

Resposta do A.:

"-Ó tia (é assim que ele trata a DL), porque eu não tenho inimigos!... "

E por mais argumentos que a 'tia' esgrima, a resposta do A. é sempre a mesma:

"- Já te disse q não tenho inimigos, tia… Não insistas… Se eu tivesse inimigos… Agora… eu NÃO tenho inimigos, tia!"

Mas a 'tia' lá vai insistindo, dizendo que sabe q o A. não tem inimigos, pois é um menino bom e simpático, mas que este sinal que é feito no peito visa proteger o nosso corpo e o nosso coração de todos aqueles que nos quiserem fazer mal, agora e sempre... porque infelizmente nem todas as pessoas são boas como o A..

E continua, dizendo que com este gesto no peito estamos também a pedir protecção para nós próprios não fazermos mal aos outros.

Mas para o A. estas explicações não lhe soam razoáveis, e por isso 'fica na dele'.



É deveras interessante a abordagem tão cuidadosa e atenta do A. neste gesto que muitos de nós, adultos, baptizados, fazemos diariamente... e quantas vezes não paramos para meditar em cada trajecto que desenhamos no nosso corpo.

Bom, é caso para dizer q é mesmo uma 'questão de peito' :-)

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Isto vai doer...

Exame a Teologia do Laicado – 27 de Janeiro (sim, próxima sexta!!)
Exame a Antropologia Teológica – 3 de Fevereiro
Exame a Direito Canónico – 10 de Fevereiro




Pois é… como neste primeiro semestre não fui propriamente um exemplo em termos de assiduidade e pontualidade às aulas do Teológico-Pastoral, agora há-que "arregaçar as mangas" e dedicar-me mesmo a isto…

Para esta semana, dois livros de cabeceira: “CHRISTIFIDELES LAICI”- Exortação Apostólica Pós-Sinodal de João Paulo II sobre a vocação e missão dos leigos, e "LUMEN GENTIUM" - 'A Luz dos Povos', Constituição dogmática do Conc. Vat. II sobre a Igreja.

A ver vamos…

Actualizações do blog e visitas aos 'sítios do costume' é q só mesmo lá para o final da semana...

domingo, janeiro 22, 2006

"- Como é q nascem (mais) hóstias?"

"- Como é q nascem (mais) hóstias?" - 4

Por isso, e na impossibilidade de percorremos todo o ciclo tradicional de fabrico do pão, desde o lavrar da terra até à distribuição, no próximo sábado vamos fazer uma "visita de estudo" a uma padaria q abriu recentemente lá próximo da igreja,
onde nos vão explicar como é confeccionado o pão. A proprietária desta padaria apoia de uma forma assídua e generosa as actividades da Catequese e, mais uma vez, se disponibilizou p/ colaborar, desta vez recebendo-nos lá na padaria.
[(Abro um parêntesis p/ realçar a rikeza desta comunhão Catequese – Comunidade)].
A gentileza é tamanha q a dita senhora se propôs a falar com o padeiro, p/ ver qual a possibilidade de serem feitas algumas partículas de hóstias lá no momento da visita...
Caso tal ñ seja possível, e como medida preventiva, hoje já foram recolhidas na Sacristia algumas partículas p/ no final da visita serem distribuídas pelos 20 "bocadinhos de gente" q continuamente nos fazem ver pq é q a missão do Catequista é tão... (como hei-de dizer?)... tão... tão gratificante!
Bom, voltando ao programa da visita, depois do padeiro cumprir com a parte dele, entram as Catequistas em acção, explicando a diferença entre akelas hóstias e as q são distribuídas na Eucaristia no momento da Comunhão.
Claro está q transportar p/ crianças com 6 anos toda a "teoria" ñ será tarefa fácil.
Conversava até com uma colega catequista q temo q esta seja uma experiência um tanto ao quanto prematura, uma vez q estas crianças estão no primeiro ano, e a sua Primeira Comunhão (primeira de muitas, esperemos!), realizar-se-à sensivelmente
dentro de 2 anos e meio... Mas, bom, também ñ temos nada a perder!...
Pessoalmente, recordo-me com toda a nitidez da minha Primeira Comunhão... Tinha 7 anos incompletos... Recordo-me perfeitamente da azáfama 'material' q usualmente gira em torno deste momento (é o vestido, é o ramo, é o restaurante, são os convites, etc), mas especialmente do corrupio interior em q andava.... e q permanece até hoje...

"- Como é q nascem (mais) hóstias?" - 3

>> Mas então, de onde vêm as hóstias? Como é q se processa o seu fabrico? >>

O fabrico de hóstias é um processo moroso e complicado q garante ainda hoje a subsistência de mosteiros de diversas ordens religiosas... recordo-me dos casos das Carmelitas e das Clarissas...
O processo de fabrico das hóstias envolve tanto paciência como perícia.
Fica uma breve narração deste procedimento.
As hóstias são feitas simplesmente com farinha e água sem qq tipo de fermento, sal ou açúcar. A farinha é a mesma q se utiliza p/ fazer o pão.
Misturada com água em dose certa, numa pekena batedeira industrial, a massa fica pronta mal atinja a consistência de uma gemada. Seguidamente, é colocada num alguidar de onde se retira, com uma concha, a quantidade necessária p/ cobrir o ferro, uma máquina eléctrica de formato rectangular com uma chapa em cima e outra em baixo. Ao juntarem-se, as chapas distribuem a massa uniformemente, cozendo-a durante mais ou menos 45 segundos. A tampa do ferro salta automaticamente quando o pão está cozido.
Pode parecer um processo simples, mas a coisa ñ acaba por aqui.
Mal saem da cozedura, os finos pães rectangulares seguem directamente p/ um armário humificador, onde ganham maleabilidade, já q quando o pão sai do ferro vem estaladiço e assim ñ se podem recortar as hóstias.
De um dia p/ o outro, por norma, a kestão fica resolvida.
A fase final é dada pela máquina de corte, constituída por tubos com lâminas exteriores afiadas q retiram da base do pão.
Depois de cortadas seleccionam-se as melhores hóstias entre as q têm pequenos defeitos. A seguir, as q estão perfeitas voltam à secagem p/ assim se conservarem durante mais semanas.
Hoje em dia está ao dispor uma maquinaria mais sofisticada q a usada há umas décadas atrás, permitindo q seja feita uma maior quantidade de hóstias em menos tempo e com menos trabalho.
A título de curiosidade, comentava comigo uma amiga q tem uma tia-avó religiosa, q esta lhe contou q há uns anos atrás as hóstias, principalmente as grandes, tinham q ser cortadas à tesoura.

"- Como é q nascem (mais) hóstias?" - 2

Posto isto, nenhum Catequista fica indiferente...

Primeiro, ó T., as hóstias ñ 'nascem' :-)... e também ñ se 'comem', R.! :-)

O pão simboliza o "alimento" por excelência e tem um significado político, social e religioso. O pão, talvez por ser um alimento conhecido em praticamente todas as culturas, assume também um papel simbólico na religião cristã, sendo muitas as referências bíblicas q o apresentam como elemento espiritual ao lado do alimento corporal.
O pão "fruto da terra e do trabalho do homem", foi o alimento escolhido por Jesus na Última Ceia p/ o mistério da transubstanciação, quando Pegou no pão, Repartiu-o e Deu-o aos Seus discípulos, dizendo: "Isto É o Meu corpo, q vai ser entregue por vós; fazei isto em memória de Mim" (Lc 22,19).
Esta cerimónia é repetida na Eucaristia, onde, seguindo o exemplo de Cristo, a Igreja utilizou sempre o pão e o vinho com água p/ celebrar a Ceia do Senhor.
Há q ter em conta q o pão p/ celebrar a Eucaristia deve ser só de trigo, confeccionado recentemente e, segundo a antiga tradição da Igreja latina, pão ázimo.
Convém ainda q o pão eucarístico, embora ázimo e apresentando a forma tradicional, seja confeccionado de modo a q o sacerdote possa realmente partir a hóstia em várias partes e distribuí-las pelo menos a alguns dos fiéis. O gesto da "fracção do pão" – assim era designada a Eucaristia na época apostólica – manifesta de modo mais expressivo a força e o valor de sinal da unidade de todos num só pão e de sinal da caridade, pelo facto de um só pão ser repartido entre os irmãos.

"- Como é q nascem (mais) hóstias?" - 1

Situação 1:
Domingo, 15 de Janeiro de 2006 - (Eucaristia da Catequese)

O T. está no primeiro ano. Bem no banco da frente, fitava com atenção o altar no momento em q o sacerdote e os ministros da comunhão desciam as escadas p/ a distribuição.
Tocando-lhe ao de leve no braço, perguntei:
- T., está tudo bem?
Resposta do T.:
- Ó Catequista, quando akelas hóstias acabarem, como é?
- Como é?!
- Sim, como é q nascem mais hóstias?

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Situação 2:
Sábado, 21 de Janeiro de 2006

O T. voltou ao assunto "hóstias". Desta vez, pq tinha 'reparado' q "- O Senhor Padre tem direito a uma hóstia maior. Porquê, Catequista? Pq é padre?"

E sai-se a R. com:
- "Ó Catequista, sabias q eu também já 'comi' hóstias? O Senhor Padre às vezes dá-me quando eu vou com a minha mãe falar com ele."

Ora bem, posto isto... Ora a R. estava a mentir, "-Pq ainda ñ fizemos a Primeira Comunhão e logo ñ podemos 'comer' hóstias"... Ora "- O Sr. Padre gosta mais da R. do q dos nós."... Ora "- A R. é a mais esperta da sala e portanto é por isso q ela tinha 'comido' hóstias e nós ñ"..

Bom, o sentido crítico destas mentes de 6 anos ñ deixa ‘escapar’ nada... !!
E ainda bem!!

segunda-feira, janeiro 09, 2006

O Balanço dos 6 'C'

Vejo na palavra e no acto 'avaliação' uma vertente de carácter fortemente positivo, quando feita adequadamente.

O que hoje trago em jeito de sugestão é um exemplo de uma avaliação que pode ser feita depois de um certo tempo de caminhada catequética. Tanto pode funcionar como ponto de situação da caminhada percorrida até então, como ponto de partida para aspectos a melhorar, a erradicar, e/ou a preservar.

Pessoalmente, costumo fazê-la no início do segundo período, após a pausa na época natalícia.

Este ano, com os mais pequeninos (1º ano), esta avaliação será feita de uma forma integral e aprofundada somente entre as catequistas que estão no grupo... Na sessão com os catequizandos, procurar-se-à sim, em jeito de diálogo, abordar, "ao de leve", os vários pontos que constam deste balanço.

Com a turma do 6º ano, dado que estamos juntos desde há três anos, e, consequentemente, já existe uma in[(tegridade)(timidade)] e um sentido de equipe bem orientado, aliado ao facto dos catequizandos (já) terem 12, 13 anos de idade, reúnem-se as condições necessárias para que esta apreciação seja feita com o grupo, até na forma de uma dinâmica, a fazer, quem sabe, no seguimento de uma partida das "orelhas" ou da "pesca" que por vezes são jogadas nos minutos que antecedem o horário da sessão de Catequese...

Ora então, aqui fica uma sugestão para esta dinâmica:

Construir uma carta de baralho semelhante à apresentada na figura, em tamanho gigante. Cada coração deverá abrir como uma janela, e no seu interior aparecer um dos "C" descritos de seguida.
Dialogar sobre cada um dos pontos que for sendo revelado (as questões colocadas à frente de cada "C" podem servir de orientação e de base ao diálogo).



1- COMPROMISSO: os catequizandos comprometem-se com o grupo? O grupo compromete-se com cada catequizando? E o catequista? Há um esforço comum para que as tarefas assumidas sejam adequadamente desempenhadas por todos? Como estão a pontualidade e a frequência aos encontros?

2- COOPERAÇÃO: há preocupação de todos com o bem geral do grupo? O ambiente é de entre-ajuda ou os catequizandos esperam tudo do catequista? Há interesse em ajudar na preparação dos encontros ou uns "empurram" para os outros?

3- CONCENTRAÇÃO: são todos capazes de levar uma reflexão até o fim ou dispersam-se em conversas paralelas? O ambiente nos encontros está mais para momentos de crescimento na fé ou parece-se como uma “escola”? Há demonstração de maturidade?

4- CRESCIMENTO: em relação aos primeiros encontros, é possível notar algum amadurecimento no grupo? Há também algum sinal de amadurecimento individual de cada catequizando e de cada catequista?

5- CRIATIVIDADE: a turma tem-se assumido como espontânea e descontraída? Que factores têm colaborado ou dificultado? Os catequizandos apresentam sugestões para a caminhada? Parecem interessados ou demonstram que estão na Catequese por imposição?

6- CARINHO: a amizade está a evoluir no grupo? Ou o grupo parece-se mais com um conjunto de estranhos que se encontram semanalmente? Como podemos perceber isso?

Do que tenho recolhido em experiências anteriores, este diálogo é um excelente trampolim para que a caminhada que ainda resta fazer ao longo do ano catequético seja assumida ainda com um maior sentido de compromisso, para além de estimular a convivência grupal e o empenhamento comum desta tarefa de fazer Catequese.


É que, afinal (e adulterando um pouco o slogan que tem passado na TV):
Catequizar... toca a todos!


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(proposta de dinâmica recolhida a partir dum artigo publicado em http://www.psjbosco.com.br)

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Diálogo Ecuménico vs Diálogo Inter-Religioso

Numa destas manhãs, enquanto me preparava para mais um dia de trabalho, ouvi num dos blocos informativos matinais, que um dos nossos candidatos à Presidência da República havia incluído na sua pré-campanha eleitoral uma visita à sinagoga judaica de Lisboa.

Fundamentava a sua visita dizendo que é de uma importância pertinente (e passo a citar) "o diálogo ecuménico entre as diversas religiões"...

Não colocando em causa de forma alguma o propósito pretendido com estas palavras, a verdade é q a afirmação em causa está construída com conceitos menos exactos, onde o termo "ecuménico" contrasta com "diversas religiões".

Posto isto, transporto hoje para este espaço uma temática que me parece pertinente abordar, ainda que de uma forma curta e simplificada: a distinção entre

DIÁLOGO ECUMÉNICO
e
DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO

Talvez seja conveniente salvaguardar, antes de mais, que o diálogo ecuménico e o diálogo inter-religioso são afins e estão ligados entre si, embora não se identifiquem um com o outro. Entre os dois, existe uma diferença específica e qualitativa, que, por tal facto, não se devem confundir.

Quando falamos em Diálogo Ecuménico, estamos a referir-nos à comunhão entre as diversas Confissões Religiosas, dentro da Religião Cristã. O empenhamento ecuménico visa pois a promoção da unidade dos cristãos, e a colaboração destes entre si.
O diálogo ecuménico não se fundamenta apenas na tolerância e no respeito devido a cada convicção humana e / ou religiosa, mas está enraizado na fé conjunta em Jesus Cristo como "o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6), e no mútuo reconhecimento do baptismo, por meio do qual todos os baptizados são membros do único Corpo de Cristo (Gl 3, 28; 1 Cor 12, 13) e podem rezar em conjunto, como Jesus nos ensinou: "Pai Nosso...".

Por outro lado, no Diálogo Inter-Religioso, assiste-se a uma partilha do sentido e do respeito a Deus ou ao Divino e o desejo de Deus ou do Divino; o respeito pela vida, a aspiração à paz com Deus ou com o Divino, e entre os homens...
Os cristãos e os seguidores das outras religiões podem rezar, mas não o realizam em conjunto.
Há uma partilha de valores morais, há uma colaboração (válida de um modo particular para as religiões monoteístas) que tende a defender e promover, de maneira conjunta, em benefício de todos os homens, a justiça social, a paz e a liberdade... e, acima de tudo, há um respeito mútuo pela diversidade (legítima!).



Resumindo,

PRÁTICAS ECUMÉNICAS – com outros cristãos

PRÁTICAS INTER-RELIGIOSAS – com outros credos

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