quarta-feira, maio 31, 2006

Catequista ‘ta sempre a aprender

O I., do grupo do 1º ano, até nem é daquelas crianças mais atentas, nem das que participam activamente nas sessões (exceptuando uma 'participação' enraizada com os colegas do lado).

Ora, há uns tempos atrás, diz o I., quando terminámos a oração com a bênção "Em nome dO Pai, ...".

- Eu sei porque é que quando dizemos ‘dO Filho’ fazemos assim [(e, num gesto rápido, iniciou a bênção e terminou nO FilhO)].

Disse:

- Sim, I.? Então diz lá...

O I.:

- Porque O Filho Nasceu da barriga da Maria... e os outros [(Pai e Espírito Santo)] não... Por isso é ‘dO Filho’ se faz na barriga.


E esta, hein? Em todos estes anos de Catequista, nunca me dei “ao trabalho” de confrontar cada gesto da bênção final do Sinal da Cruz com o simbolismo que acarreta...

Já por várias vezes me tenho debruçado sobre o simbolismo global do gesto do Sinal da Cruz...
Já tenho analisado as palavras que são proferidas, o seu significado para além da lengalenga decorada...
Já tenho procurado investigar a razão de ser das 3 cruzes pequenas, o porquê de serem 3, o local onde são feitas e o motivo...

... Agora, tentar perceber porque é que nO Pai, o gesto é feito na cabeça, nO Espírito Santo, nos ombros e nO Filho no ventre... essa não...

Mas voltando à ‘explicação’ do I., obviamente que passamos o resto da sessão a explorar porque é que nO Pai era então feito na cabeça, e nO Espírito Santo nos ombros...

Ficam algumas das respostas, algumas delas potencialmente dignas de um globo de ouro :-))

(Pai - testa / cabeça)
- Porque é Pai, e os pais são maiores que os filhos...
- Porque os pais nascem antes dos filhos...
- Porque a cabeça é a parte do corpo que fica mais próxima do Céu...
- Porque Deus É O Pai do Céu e Jesus É O Filho dEle.
- Porque Deus É que Pensa em tudo e pensa-se com o cérebro. (?!)


(Espírito Santo - ombros _ depois de uma breve explicação sobre a vinda dO Espírito Santo... assim muito ao de leve... e a forma como Actua em nós)
- Porque é como o nosso pai, quando nos leva aos ombros é para nos ajudar, por exemplo...
- Porque são dois: Espírito e Santo (são duas palavras, logo o gesto não podia ser feito na cabeça - uma - nem no ventre - um -, mas sim nos ombros, que são 2 e assim já dá!)
- Porque O Pai e O Filho mandaram O Espírito Santo para todos (O Pai de cima para baixo, O Filho de baixo para cima, ficando assim repletas todas as direcções).
- Porque no meio dos ombros está o coração, e O Espírito Santo ajuda-nos a ter um coração melhor.


Bom, é caso para dizer que
Catequista ‘ta sempre a aprender... e tantas vezes onde, quando e de quem menos espera.

domingo, maio 28, 2006

Duas famílias?! UAU!!

O grupo do 1º ano ontem acolheu com entusiasmo o facto de afinal não termos 1 família (a lá de casa, pelo nascimento), mas 2 (a família de Deus, pelo Baptismo).

Reacção do A:
- Uau!!!

:-D

segunda-feira, maio 22, 2006

Não basta dar... é preciso querer receber...

Diálogo entre Catequistas:

c1: - Ah! Temos que ser ousados... Imaginar formas... Inventar caminhos de levar A Pessoa de Jesus....
c2: - Formas? Ó! Essa agora! ... Só há uma!
c1: - Qual?
c2 - Como no tempo do Pr. Fr. .... Quem não sabe as coisas, não vai à Primeira Comunhão nem Comunhão Solene!
c1 - Que coisas?
c2- Óh, as coisas que tem que se saber...
c1 - Que coisas?
c2 - Essas modernices não levam a lado nenhum...
c1 - Que lado?
c2 - ...
c1 - Que modernices?
c2 - Pronto, lá estais vós a querer ensinar as mais velhas...

Este diálogo contou-mo a N.... Viveu-o há uns dias atrás...

Imediatamente associei este 'conflito de gerações' em catequisar, a uma experiência que tive com um grupo do 2º ano, quando, muito calmamente, lhes dizia que Jesus também Sentia frio, fome, cansaço...

Só visto! Olhos esbugalhados olhavam para mim..

Como era possível que aquEle Jesus que Tem todo o Poder, que É O Maior, que Está tão acima de nós... também Tivesse frio, fome... e Se cansasse?

De facto, não é fácil, mesmo com 7 anos, imaginar Um Jesus que ainda pouco tempo antes era Todo-Poderoso, que Ralhava quando trovejava, que não Gostava dos meninos que fizessem asneiras... bom, não é nada fácil conceber que Alguém Seja assim até Junho e em Outubro Seja Amigo, Bom, que Goste de brincar, que até Era capaz de Gostar de guloseimas...

[A natureza humana de Jesus tão fortemente 'esquecida' e distante da Sua natureza divina, quando, afinal, ambas se complementam... ]

Recordo de depois de uma desmistificação dessa ‘imagem de Junho’, as perguntas não paravam de correr...

Afinal, Jesus não Era as fórmulas que tinham sido decoradas... embora seja importante as sabermos e compreendermos...

Jesus Era Algo mais...

E principiou o desejo... anseio... a vontade de O conhecer, de querer saber afinal como Ele Era, como Ele É.... o que Fez... o que Sentiu (sim, porque Ele foi / É um de nós).

Compreendo a C2 do diálogo acima... Por vezes, há uma certa ‘resistência à mudança’, ainda que involuntária... Há um temor excessivamente zeloso pelas ‘coisas do Alto’, um apego descomedido a Um Deus distante, que, afinal, Se Quis fazer tão próximo (Jo 14,9).. Há ainda uma certa dificuldade em pronunciar sincera e continuamente palavras certas como ‘Amor’ (Jo 13,34)e ‘Doação’ (Mt 28,20). ... Mas até que não deixa de ter razão de ser, em parte, dada a facilidade com que assistimos à banalização de temáticas tão sérias quanto relevantes...

Por outro lado, como compreendo a C1... esta ‘ousadia’ que mencionava à colega Catequista... este aprofundamento doutrinal que tem como suporte o desejo da descoberta... esta experiência de viver a fé num espírito de disponibilidade e entrega... esta prática contínua de sentir na pele a alegria de ser uma comunidade que se distingue pelo amor entre si, (cfr Actos dos Apóstolos)....

Em suma, o que é certo é que há toda uma assertividade a ser assimilada e cumprida...

Há-que conjugar essa assertividade com o realismo da vida dos catequizandos de hoje (que, com certeza, difere da realidade de vida dos catequizandos do tempo do Pr. Fr. !)....

Sim, porque hoje (e talvez já no tempo dos nossos pais, embora a vivência histórico-político-económica o condicionasse de forma diferente)... mas como dizia, hoje ‘ninguém’, nem mesmos os mais pequenos, ‘vão na cantiga’ e na ‘lengalenga decorada’... Hoje a sociedade propociona-nos uma ânsia de justificações deveras colossal... Hoje os papeis invertem-se e a conquista começa pelo conquistado... É este que exige...

Por tudo isto, é que talvez não seja suficiente ‘Dar Catequese’, e nem mesmo ‘Fazer Catequese’, mas levar o outro a ‘Querer receber Catequese’...

Por tudo isto, é que talvez mais do que ‘Dar a conhecer Jesus’, ou ‘Levar Jesus’, é pertinente ‘Provocar o querer Jesus’.

Aliás, ‘Dar’ começa a tornar-se algo banal... No Natal, o Pai-Natal as prendas... Na próxima semana, a mãe vai dar uns ténis novos... A professora a aula... O Totoloto milhões... Dar, dar, dar... Todos dão... E quase se perde o hábito de pedir... Bom, por isso é que há que ser diferente... Não dar assim, como quem oferece mais um jogo ou um passatempo! Mas antes levar a que peçam... Incitar uma carência! Provocar uma necessidade!

E como já tive oportunidade de exprimir num post anterior, a escolha de hoje é precisamente a mesma de há 2000 anos atrás...

Recordemos que há 2000 anos atrás, não foi com técnicas de persuasão ou argumentação que Jesus Se impôs...

Recordemos que há 2000 anos atrás não foi empanturrando palavras feitas e expressões modeladas que Jesus Se revelou...

Recordemos apenas que há 2000 anos atrás Ele Foi diferente... Cativou... Seduziu... Conquistou... Provocou... Inquietou... Suscitou o desejo de O ouvir... de O seguir... Arrisco dizer que Foi até Diferente no modo de amar...

Isto sim, diferencia! Isto sim, é convite!

Por tudo isto é que por vezes o desafio do Catequista (do Cristão!) é pois bem maior do que imaginamos... e do que tantas vezes estamos preparados... mas também por tudo isto é que confiamos que não estamos sós, e que O Espírito Santo Actua em cada um de nós...

sexta-feira, maio 19, 2006

Pergunta quase ‘banal’... daquelas chapa5... daquelas que saem sempre nos testes... um clássico...

Uma das questões do trabalho final do Curso de Iniciação para Catequistas, que frequentei em 1997, era: "Quem É Jesus Cristo?"

Uma pergunta quase ‘banal’... daquelas chapa5... daquelas que saem sempre nos testes... um clássico, diria mesmo.

Na altura, encerrei, em páginas e páginas de resposta, todas as potenciais soluções ‘standard’ que havia assimilado do meu tempo de Catequizanda para esta questão...

Adicionei um pouco do meu ‘eu’, da minha vivência nEle...

Salpiquei abundantemente com dezenas de adjectivos e substantivos pensáveis e impensáveis....

E... a resposta nunca ficava completa... Vi-me na contingência de fazer a entrega do trabalho tardiamente, tudo porque não conseguia dar um ponto final a esta questão.

As palavras, conceitos e expressões que escrevia não eram suficientes. Aquela resposta não era Ele.

Que Jesus É O Nazareno, que Transformou o mundo, que jamais houve e jamais haverá alguém como Ele… sim, não deixa de ser verdade…

Que Jesus É a personalidade mais notável de todos os tempos, O maior Líder, O Profeta dos profetas, É Amor, É Amigo, É Irmão… sim, claro…

Que Jesus É O Primogénito, O Messias, ok… sabia disso… mas entoava a tão pouco...



Hoje, a resposta ainda não está completa, mas é mais madura e comprometedora.

Hoje sei que não basta saber quem É Jesus. Sei que preciso de O descobrir em cada milímetro de chão que piso, em cada milésimo de segundo que existo...

A regra é esta: primeiro descobri-lO, conhecê-lO . Nunca ousar avançar com uma definição como se de um conceito gramatical Se tratasse.

Hoje sei que não me restam somente as palavras para O descrever... Aliás, descobri que as palavras apenas O poderão desenhar, pintar... nunca O revelar!

Hoje sei que quando faço minha a resposta de Pedro, «Tu És o Messias, o Filho de Deus vivo.» (Mt16,16), o digo com firmeza em cada palavra, em cada letra que pronuncio, em cada pausa que respiro...

Hoje, sei que Jesus, Ele próprio, Se apresenta numa variedade de símbolos...

Mc 14, 62 - Eu Sou [O Messias]. E vereis O Filho do Homem sentado à direita do Poder e vir sobre as nuvens do céu.
Jo 6, 48 - Eu Sou O Pão da Vida.
Jo 8, 12 - Eu Sou A Luz do mundo.
Jo 8, 23 - Eu Sou lá de cima! (...) Eu não Sou deste mundo.
Jo 8, 28 - Eu Sou O que Sou e que nada faço por Mim mesmo
Jo 8, 58 - Antes de Abraão existir, Eu Sou
Jo 10, 7 - Eu Sou A Porta das ovelhas.
Jo 10, 9 - Eu Sou A Porta
Jo 10, 11 - Eu Sou O Bom Pastor.
Jo 11, 25 - Eu Sou A Ressurreição e A Vida
Jo 14,6 - Eu Sou O Caminho, A Verdade e A Vida
Jo 15, 5 - Eu Sou A Videira; vós, os ramos
Act 9, 4 - Eu Sou Jesus, a Quem tu persegues.

Hoje compus em mim uma humildade que me leva a reconhecer que sou tão, tão pequena para O definir... A resposta não é ‘Não sei’... por que eu até sei! A resposta é ‘-Tudo!’, ‘- Meu tudo’!

Hoje sei que a resposta não se esvazia em palavras bonitas e agradáveis ao ouvido... porque nunca se esgotam... cada novo dia traz-me um novo Jesus que no dia anterior eu desconhecia... cada momento da vida oferece-me mais uma oportunidade de O conhecer mais e melhor... mas nunca totalmente... e ainda bem!

Hoje sei que mais importante que ter sempre a resposta pronta, é ter a pergunta certa .. mais importante que responder bem, é querer saber mais...

Hoje sei que não devo dizer: 'Tu És...', mas 'Tu Estás...'.

Bem, posto isto, sei q ninguém perguntou ;-), mas então e eu?? Quem sou eu? O ramo unido à videira? Sal da Terra? Luz do mundo? Discípula?

Bom, gosto de particularmente personificar o tal vaso de barro nas mãos do oleiro... isto basta-me... O Oleiro cuida de mim, molda-me, dá-me a forma que Ele entende... nada temo... e não quebrarei!

Por fim, mesmo constituindo a pergunta quase ‘banal’... daquelas chapa5... daquelas que saem sempre nos testes... um clássico, ... ora conta lá, Catequista, quem É Jesus para ti, afinal?

E tu... quem és tu, para Jesus?

quarta-feira, maio 17, 2006

"Eu Sou A Videira, vós sóis os ramos" Jo15,5 _ Tb p/ as Mães

Ah!, já esquecia!

Neste mês de Maio, dedicado às mães, e à Mãe das mães, Maria, a parábola da videira recorda-nos o amor da verdadeira Mãe.

Da verdadeira Mãe que não quer nada para si, mas que se dá pelos seus filhos.

Da verdadeira Mãe que procura que as suas raízes alcancem os melhores nutrientes, para que os ramos fortifiquem e dêem bons frutos.

A DG é uma visita assídua no blog… e é uma Mãe assim…

"Eu Sou A Videira, vós sóis os ramos" Jo15,5

4 - "Eu Sou A Videira, vós sóis os ramos" Jo15,5

III. Conclusão / Objectivo


A alegoria da videira, relatada no Evangelho do Amor, parece-me uma relação mais profunda até do que aquela que existe entre o pastor e o seu rebanho, sobre a qual o Evangelho se debruçava no domingo anterior.

Para além de toda a beleza da narrativa de Jesus, para além da perfeita comparação que faz de nós, Ele Termina com chave de ouro: Permanecei em Mim!

Aqui é representada a mais íntima ligação possível. Bem como a mais provocante inquietação: qual será o resultado nas nossas vidas se permanecermos em Cristo?

Quando lemos a comparação que Jesus fez da videira e dos ramos, percebemos logo que a palavra mais forte é esta: "permanecer" unidos ao tronco, "resistir", "agüentar", "firmes".

Permanecer em Cristo, portanto, significa permanecer no Seu Amor, na Sua Lei; significa, talvez, permanecer na Cruz, às vezes, permanecer com Ele na provação. Significa permitir-Lhe que nos ame, que nos faça passar a Sua “seiva”.

Permanecer ligados à videira e permanecer em Cristo Jesus significa, acima de tudo, não ser filho pródigo, nem nos desgarrando de Cristo de uma só vez, num só impulso, nem aos pouquinhos que seja, quase sem se dar conta, dia-a-dia…

Permanecer em Cristo Jesus significa também algo de positivo, isto é, permanecer no Seu Amor. No Amor que Ele Tem por nós, e no Amor que nós temos por Ele.

Muito mais haveria concerteza para explorar nesta narrativa tão bela de Jesus… Ficam por abordar alguns pormenores como: Qual é a diferença entre um pequeno rebento que começou agora mesmo a viver na videira e um ramo grande e adulto? Porque é que o nosso “ficar” não tem sempre garantia de frutos?

Ficam lançadas mais algumas linhas de reflexão… Por agora, não me alongarei mais…

Ouvir e passar adiante as Suas palavras. Este foi o método de Jesus. Por mais simples que pareça, conquistou o mundo e tem transformado corações através dos séculos.

Concretamente, este ensino tão simples da alegoria da videira transporta uma profundidade de tal forma extraordinária, que mais uma vez aprendemos que à luz da prática de Jesus, a Catequese pode ter um novo sabor.


É esta a Catequese que eu quero fazer!
Ups!... Corrijo: é esta a Catequese que eu quero Ser!

3 - "Eu Sou A Videira, vós sóis os ramos" Jo15,5

II. Identificação e Caracterização das personagens – A Videira, os Ramos e O Agricultor

A) PERSONAGEM 1
A1 – Identificação: Jesus
A2 – Personagem: A Videira
A3 – Tarefa: Ser Vida

Fiz uma pesquisa de fotos de videiras na net.

De facto, a imagem da videira é deveras forte. O tronco da videira é algo imponente, mas ao mesmo tempo tão dado, ao se prolongar em ramos em todas as direcções. É Este O Jesus que eu vejo… uma dádiva constante pelos Seus, ou, melhor, nos Seus.

Da videira é que vem a seiva que alimenta estes ramos, a humidade do solo e tudo aquilo que eles transformam depois em uvas, sob os raios do sol.

Se não é alimentado pela videira, o ramo não produz… nem um pequeno rebento, nem um cacho de uvas, nada de nada.

Ainda que o ramo esteja fora da videira, até aparentemente só por algum tempo, ele pode permanecer momentaneamente com a sua cor original, tendo brilho, parecendo ter vida, mas acaba por perder a sua viscosidade, seca e morre.

Assim somos nós, quando largarmos Jesus ainda que por breves momentos (‘breves’ no nosso entender!). Pode ser por instantes, mas a verdade é que com o passar do tempo acabamos por morrer espiritualmente, por não termos alegria, nem esperança.

Deixemo-nos pois provar por este Jesus que nos sustenta … é dEle que somos dependentes, é a partir da Videira que daremos frutos.

Quando ligados à videira, receberemos alimento, vida, e segurança, mas se estivermos desprendidos dela....morreremos.

Um outro aspecto interessante nesta identificação de Jesus como a videira, é o próprio sumo do fruto da videira. O Vinho simboliza o Sangue de Jesus e está presente em cada Eucaristia hoje como esteve na Santa Ceia (“Eu vos digo: Não beberei mais deste produto da videira, até ao dia em que beber o vinho novo convosco no Reino de Meu Pai” - Mt 26, 29)

Para finalizar:... É Jesus O Centro... é dEle que nós, ramos, nos alimentamos... É Ele O nosso Alicerce... E não o inverso! Quantas vezes parece que nós é que carregamos com estas coisas da Igreja, que nós é q estamos quase a fazer um favor a Cristo em O deixar fazer parte da nossa vida... Safa! Por vezes parece que nos esquecemos que nós não somos O Tronco! - " (…) sem mim nada podeis fazer" (Jo 15, 5b).



B) PERSONAGEM 2

B1 – Identificação: Eu, tu, nós todos
B2 – Personagem: Os ramos
B3 – Tarefa: Dar fruto

Cristo É a Videira, nós os ramos! Dependemos da Videira.

Mas qual é então nosso papel como ramos?

Antes de mais, transmite-me uma firmeza deveras segura saber que, por mais fragilidade que exista em mim como ramo, sou um prolongamento da Videira Verdadeira, forte, que tudo Faz para me nutrir e me fazer frutificar.

Por outro lado, há associada uma responsabilidade: esta ligação não basta! Há-que também do meu lado permanecer um ramo forte e sadio, alimentado e unido, ligado não parcial, mas totalmente em Jesus. Deparamo-nos com um apelo claro à unidade, quer individual (‘Eu ramo’ + ‘Jesus Videira’), quer colectiva (‘Eu ramo’ + ‘Jesus Videira’ + ‘O Outro ramo’).

A nossa união com Jesus é sinal de vida. Não existe vida estando separado do Tronco. O ramo que se separa da Cepa, seca e morre sem produzir frutos. Como qualquer lenha inútil, é então lançado ao fogo.

Em compensação, os ramos que se mantêm unidos ao Tronco recebem a seiva da vida que os torna fortes, vigorosos e férteis. Produzem muitos frutos e de excelente qualidade.

Um outro ponto a que o ‘Eu ramo’ não pode ficar alheio é ao convite: “- Dá fruto! Gera bons frutos! “.

... Dar fruto... O grande desafio é este: não nos podemos conformar com uma paz aparente, só de "sombra e água fresca", onde a falta de coragem abunda decididamente… Não! Somos conhecidos pelos frutos que damos! E cada um de nós - a responsabilidade é individual! Por vezes temos tendência a delegar a função de “fazer discípulos”, de “pregar o bem”, de “dar fruto”, somente aos que, duma foma generosa e mais aberta, consagraram a sua vida a Deus. Mas não foi isso que Jesus disse!

TODOS os ramos desta Videira devem produzir os mesmos frutos, os bons frutos. O prolongamento desta Videira Verdadeira não pode produzir maus frutos… Bom, se assim for, algo está errado! Estes ramos têm que ser cortados e lançados ao fogo, pois os ramos da videira Jesus não podem, de forma alguma, produzir frutos ruins… nem tão-pouco ser estéreis. Os ramos que produzem o fruto ruim vêm de outra videira, concerteza, pelo que os seus ramos terão que ser podados na Videira Verdadeira para que daí produzam bons frutos.

Resumindo, cada ‘ramo’ cresce em dois aspectos: na comunhão permanente com Jesus e com os irmãos, e na frutificação .

E então para os Catequistas, tem muito que se lhe diga esta comparação….É quase um verdadeiro teste de fogo… O pequeno mundo que nos rodeia, a comunidade paroquial onde nos inserimos observa-nos e espera ver a presença de Deus em nós! Ele quer pensar com a nossa mente, expressar se através das nossas emoções, falar através da nossa voz, ainda que muitas das vezes não estejamos conscientes disso… Frutifiquemos, pois!



C) PERSONAGEM 3
C1 – Identificação: Deus
C2 – Personagem: O Agricultor
C3 – Tarefa: Podar (do grego ‘purificar’)

Antes de mais, que fique claro que não sou minimamente entendida nestas questões da agricultura, pelo que procurarei abster-me de usar certos termos técnicos (?) que talvez até enriquecessem a narrativa, mas que por certo depreciariam o seu conteúdo.
Não que não tenha crescido numa aldeia onde a actividade agrária ainda é de certa forma significativa…

... Mas, bom, assim muito, muito francamente, o que é certo é que me intimida esta parte da ‘poda’...

Mas, afinal, porque há necessidade de limpar? Compreende-se que a ideia aqui é melhorar a qualidade (e quantidade) dos frutos.

Contudo, por outro lado, a poda por si só é algo que magoa, que fere, é um corte que deixa as suas cicatrizes.

Estou certa de que se os ramos pudessem falar, certamente também não entenderiam o porquê da poda no momento em que são podados. Passa-se o mesmo connosco: quantas vezes não entendemos a dor no momento da dor, quantas vezes nos revoltamos perante ‘azares’ da vida, como conflitos, injustiças, crises, ou a morte de alguém querido.
Só mais tarde, às vezes muito mais tarde, entendemos a importância da poda. Os ramos podados, ao verem-se floridos, ao presenciarem os seus próprios frutos, certamente agradeceriam ao Agricultor pelos sofrimentos daquele dia.

Assim é o nosso dia-a-dia. Não compreendemos e não aceitamos os obstáculos e as lutas. Mas são as dificuldades que (também) nos fazem crescer, são as podas que nos tornam férteis, maduros e que nos purificam… um dia veremos os frutos.

Mais ainda: toda a dor é suavizada pelo amor. O amor mantém o ramo unido ao Tronco, o amor é produto de quem se deixa alimentar pela Seiva da Vida que É O próprio Jesus.
Todavia, há ainda outra questão que se levanta: numa página sobre técnicas viticulas, era dito que ao podar a planta, o agricultor não deve cortar somente os galhos secos, mas cortar galhos sadios, vistosos e verdinhos. Porquê? Por certo tratam-se de ramos que têm tudo para produzir muitos frutos, mas que (ainda) não estão dispostos a fazê-lo. Eu conheço alguns! E rezo por eles!

Posto isto, ficam sem fundamento os meus receios iniciais no que respeita à poda. Podando-se o desfolhado ramo no próspero tronco da videira, ele tornar-se-á uma vara viva, alimentando-se da seiva da videira, até que brota e dá fruto.

Adicionalmente, uma união tão profunda do ‘Eu ramo’ com o ‘Cristo Videira’ pressupõe necessariamente purificação… não poderia ser doutra forma…

Para terminar: por curiosidade, entrei num site relacionado com viticultura, e encontrei a seguinte frase: “O podador deverá ter sempre um papel activo, porque a poda requer sabedoria

2 - "Eu Sou A Videira, vós sóis os ramos" Jo15,5

I. Introdução / Enquadramento


De uma forma geral, esta alegoria da videira é um exemplo facilmente entendível quando devidamente inserido no contexto histórico e geográfico apropriado. Jesus falava para o povo, em elevado número agricultores, pessoas que conheciam as lides do campo, do cultivo da terra e da vinha.

Aliás, a comparação da videira, dos ramos e dos frutos é quase um ‘clássico’ na Bíblia. A videira e a vinha são símbolos significativos no percurso da História da Salvação do Povo de Israel. A imagem bíblica da videira designava o próprio povo escolhido e tantas vezes infiel.

Vejamos:
Gn 9, 20 – Noé, que era agricultor, foi o primeiro a plantar a vinha.
Gn 40, 9 – As interpretações dos sonhos por José do Egipto.
1 Rs 21, 1 – A vinha de Nabot de Jezrael junto ao palácio de Acab, rei da Samaria.
Sl 80, 9-17 – Salmo de súplica, canta que o Povo de Deus é como uma videira que O Senhor Deus arrancou do Egipto e transplantou na terra prometida.
Is 5, 1-7 – O profeta Isaías fala do amigo que plantou uma vinha e esperava que ela desse frutos bons, mas só produziu uvas azedas. Irael é, assim, uma vinha estéril. (De salientar que este cântico da vinha era familiar aos israelitas, pelo que ajudava os ouvintes a compreender melhor a alegoria de Jesus).
Ct 8, 11 – A vinha de Salomão.
Jr 2, 21 – Israel, ‘plantada como vinha escolhida e de boa qualidade’, como Esposa Infiel.
Sl 128, 3 – A videira como símbolo de fecundidade, de vida em abundância
Os 10, 1 – Imagem da vinha aplicada novamente a Israel.
Ez 15,1-8.2 – Ezequiel não aborda a fertilidade da videira, mas apenas a sua cepa, pois Israel não produziu frutos
Nm 13,20-26 – A Terra Prometida é novamente comparada a uma vinha
Am 9,13-15 – A restauração de Israel é uma nova plantação da vinha
Lv 23,34-36 / 2 Mac 10,7-8 – A festa das Tendas era a festa das vindimas
Jr 8,13-17 – A festa acabará, porque a vinha não dá fruto

Em praticamente todo o AT, a vinha / videira, enquanto Povo de Deus, é sempre vista em termos de degeneração. O motivo? Basicamente porque Israel falhou como nação para trazer a salvação.

Por isso, no NT, esta simbologia é actualizada e traz um novo sentido.
Deus escolhe uma nova vinha, um outro povo. A nova Videira É Jesus, que, juntamente com os Seus dicúpulos, formam um Povo de Deus renovado. Produz frutos quem estiver unido a Jesus, isto é, quem ama como Ele Amou. Se Jesus É O Tronco e nós os ramos, é sinal de que o projecto de salvação de Deus para o Homem ainda é possível… desde que com a colaboração de cada um de nós...

1 - "Eu Sou A Videira, vós sóis os ramos" Jo15,5

No Domingo passado, V do Tempo Pascal, fomos presenteados com esta alegoria da videira.

Dizia-me o P., um dia destes, que " – Jesus É O maior comunicador de todos os tempos". E tem muita razão, o P.!

De facto, Jesus Usou de uma criatividade vastíssima para atrair as multidões, Ensinando por meio de parábolas, pequenas histórias, muito simples, mas profundas, as quais retratavam a realidade das pessoas. Jesus colocava os Seus ouvintes numa atitude de confronto com a vida, provocando questões e desassossego, convidando desta forma à conversão e mudança de vida.

[(Uma achega: é inspirando-nos no exemplo de Jesus que nós Catequistas invocamos / provocamos a Experiência Humana nas nossas sessões de Catequese?)]

As histórias, as alegorias, as comparações tornam qualquer conversa mais afectiva, agradável e atractiva. Jesus sabia-o muito bem!

Bom, e então, este desafio de Jesus que vemos na alegoria da videira é deveras cativante... e ao qual acredito que ninguém fique indiferente...

A Humanidade de Jesus toca a nossa Humanidade e a nossa Humanidade toca a Sua Divindade... O fraco e O Forte em união… O finito do Homem ligado ao Infinito de Deus… Não há como resistir a isto!

Mas o recado desta comparação não se fica por aqui... Há nela toda uma abundância de dicas, de mensagens, de estímulos... bom, que a minha agitação crescente por Ele não me permite guardar só para mim.


Partilho então estas reflexões, dividindo-as em três partes:

I. Introdução / Enquadramento
II. Identificação e Caracterização das personagens – A Videira, os Ramos e O Agricultor
III. Conclusão / Objectivo

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