quarta-feira, maio 17, 2006

3 - "Eu Sou A Videira, vós sóis os ramos" Jo15,5

II. Identificação e Caracterização das personagens – A Videira, os Ramos e O Agricultor

A) PERSONAGEM 1
A1 – Identificação: Jesus
A2 – Personagem: A Videira
A3 – Tarefa: Ser Vida

Fiz uma pesquisa de fotos de videiras na net.

De facto, a imagem da videira é deveras forte. O tronco da videira é algo imponente, mas ao mesmo tempo tão dado, ao se prolongar em ramos em todas as direcções. É Este O Jesus que eu vejo… uma dádiva constante pelos Seus, ou, melhor, nos Seus.

Da videira é que vem a seiva que alimenta estes ramos, a humidade do solo e tudo aquilo que eles transformam depois em uvas, sob os raios do sol.

Se não é alimentado pela videira, o ramo não produz… nem um pequeno rebento, nem um cacho de uvas, nada de nada.

Ainda que o ramo esteja fora da videira, até aparentemente só por algum tempo, ele pode permanecer momentaneamente com a sua cor original, tendo brilho, parecendo ter vida, mas acaba por perder a sua viscosidade, seca e morre.

Assim somos nós, quando largarmos Jesus ainda que por breves momentos (‘breves’ no nosso entender!). Pode ser por instantes, mas a verdade é que com o passar do tempo acabamos por morrer espiritualmente, por não termos alegria, nem esperança.

Deixemo-nos pois provar por este Jesus que nos sustenta … é dEle que somos dependentes, é a partir da Videira que daremos frutos.

Quando ligados à videira, receberemos alimento, vida, e segurança, mas se estivermos desprendidos dela....morreremos.

Um outro aspecto interessante nesta identificação de Jesus como a videira, é o próprio sumo do fruto da videira. O Vinho simboliza o Sangue de Jesus e está presente em cada Eucaristia hoje como esteve na Santa Ceia (“Eu vos digo: Não beberei mais deste produto da videira, até ao dia em que beber o vinho novo convosco no Reino de Meu Pai” - Mt 26, 29)

Para finalizar:... É Jesus O Centro... é dEle que nós, ramos, nos alimentamos... É Ele O nosso Alicerce... E não o inverso! Quantas vezes parece que nós é que carregamos com estas coisas da Igreja, que nós é q estamos quase a fazer um favor a Cristo em O deixar fazer parte da nossa vida... Safa! Por vezes parece que nos esquecemos que nós não somos O Tronco! - " (…) sem mim nada podeis fazer" (Jo 15, 5b).



B) PERSONAGEM 2

B1 – Identificação: Eu, tu, nós todos
B2 – Personagem: Os ramos
B3 – Tarefa: Dar fruto

Cristo É a Videira, nós os ramos! Dependemos da Videira.

Mas qual é então nosso papel como ramos?

Antes de mais, transmite-me uma firmeza deveras segura saber que, por mais fragilidade que exista em mim como ramo, sou um prolongamento da Videira Verdadeira, forte, que tudo Faz para me nutrir e me fazer frutificar.

Por outro lado, há associada uma responsabilidade: esta ligação não basta! Há-que também do meu lado permanecer um ramo forte e sadio, alimentado e unido, ligado não parcial, mas totalmente em Jesus. Deparamo-nos com um apelo claro à unidade, quer individual (‘Eu ramo’ + ‘Jesus Videira’), quer colectiva (‘Eu ramo’ + ‘Jesus Videira’ + ‘O Outro ramo’).

A nossa união com Jesus é sinal de vida. Não existe vida estando separado do Tronco. O ramo que se separa da Cepa, seca e morre sem produzir frutos. Como qualquer lenha inútil, é então lançado ao fogo.

Em compensação, os ramos que se mantêm unidos ao Tronco recebem a seiva da vida que os torna fortes, vigorosos e férteis. Produzem muitos frutos e de excelente qualidade.

Um outro ponto a que o ‘Eu ramo’ não pode ficar alheio é ao convite: “- Dá fruto! Gera bons frutos! “.

... Dar fruto... O grande desafio é este: não nos podemos conformar com uma paz aparente, só de "sombra e água fresca", onde a falta de coragem abunda decididamente… Não! Somos conhecidos pelos frutos que damos! E cada um de nós - a responsabilidade é individual! Por vezes temos tendência a delegar a função de “fazer discípulos”, de “pregar o bem”, de “dar fruto”, somente aos que, duma foma generosa e mais aberta, consagraram a sua vida a Deus. Mas não foi isso que Jesus disse!

TODOS os ramos desta Videira devem produzir os mesmos frutos, os bons frutos. O prolongamento desta Videira Verdadeira não pode produzir maus frutos… Bom, se assim for, algo está errado! Estes ramos têm que ser cortados e lançados ao fogo, pois os ramos da videira Jesus não podem, de forma alguma, produzir frutos ruins… nem tão-pouco ser estéreis. Os ramos que produzem o fruto ruim vêm de outra videira, concerteza, pelo que os seus ramos terão que ser podados na Videira Verdadeira para que daí produzam bons frutos.

Resumindo, cada ‘ramo’ cresce em dois aspectos: na comunhão permanente com Jesus e com os irmãos, e na frutificação .

E então para os Catequistas, tem muito que se lhe diga esta comparação….É quase um verdadeiro teste de fogo… O pequeno mundo que nos rodeia, a comunidade paroquial onde nos inserimos observa-nos e espera ver a presença de Deus em nós! Ele quer pensar com a nossa mente, expressar se através das nossas emoções, falar através da nossa voz, ainda que muitas das vezes não estejamos conscientes disso… Frutifiquemos, pois!



C) PERSONAGEM 3
C1 – Identificação: Deus
C2 – Personagem: O Agricultor
C3 – Tarefa: Podar (do grego ‘purificar’)

Antes de mais, que fique claro que não sou minimamente entendida nestas questões da agricultura, pelo que procurarei abster-me de usar certos termos técnicos (?) que talvez até enriquecessem a narrativa, mas que por certo depreciariam o seu conteúdo.
Não que não tenha crescido numa aldeia onde a actividade agrária ainda é de certa forma significativa…

... Mas, bom, assim muito, muito francamente, o que é certo é que me intimida esta parte da ‘poda’...

Mas, afinal, porque há necessidade de limpar? Compreende-se que a ideia aqui é melhorar a qualidade (e quantidade) dos frutos.

Contudo, por outro lado, a poda por si só é algo que magoa, que fere, é um corte que deixa as suas cicatrizes.

Estou certa de que se os ramos pudessem falar, certamente também não entenderiam o porquê da poda no momento em que são podados. Passa-se o mesmo connosco: quantas vezes não entendemos a dor no momento da dor, quantas vezes nos revoltamos perante ‘azares’ da vida, como conflitos, injustiças, crises, ou a morte de alguém querido.
Só mais tarde, às vezes muito mais tarde, entendemos a importância da poda. Os ramos podados, ao verem-se floridos, ao presenciarem os seus próprios frutos, certamente agradeceriam ao Agricultor pelos sofrimentos daquele dia.

Assim é o nosso dia-a-dia. Não compreendemos e não aceitamos os obstáculos e as lutas. Mas são as dificuldades que (também) nos fazem crescer, são as podas que nos tornam férteis, maduros e que nos purificam… um dia veremos os frutos.

Mais ainda: toda a dor é suavizada pelo amor. O amor mantém o ramo unido ao Tronco, o amor é produto de quem se deixa alimentar pela Seiva da Vida que É O próprio Jesus.
Todavia, há ainda outra questão que se levanta: numa página sobre técnicas viticulas, era dito que ao podar a planta, o agricultor não deve cortar somente os galhos secos, mas cortar galhos sadios, vistosos e verdinhos. Porquê? Por certo tratam-se de ramos que têm tudo para produzir muitos frutos, mas que (ainda) não estão dispostos a fazê-lo. Eu conheço alguns! E rezo por eles!

Posto isto, ficam sem fundamento os meus receios iniciais no que respeita à poda. Podando-se o desfolhado ramo no próspero tronco da videira, ele tornar-se-á uma vara viva, alimentando-se da seiva da videira, até que brota e dá fruto.

Adicionalmente, uma união tão profunda do ‘Eu ramo’ com o ‘Cristo Videira’ pressupõe necessariamente purificação… não poderia ser doutra forma…

Para terminar: por curiosidade, entrei num site relacionado com viticultura, e encontrei a seguinte frase: “O podador deverá ter sempre um papel activo, porque a poda requer sabedoria

Number of online users in last 3 minutes
Free Hit Counter