Uma questão de peito
A DL é uma das Catequistas do n/ grupo [(somos 3 – eu, a DL e a I. (um dia ainda hei-de falar da (agradável) surpresa que tem sido trabalhar com esta última)].
Mas voltando agora à DL...
A DL é ama de duas crianças. Uma delas é o A., um menino com 5 anos, figurinha pequenina até para a idade, ar reguila, mas desconfiado, de porte geralmente sério.
Contava-me a DL que o A. gosta mesmo muito de rezar, de falar com Jesus, de pedir a protecção do Anjo da Guarda… tudo muito do 'seu jeito', dentro da inocência e da pureza de coração que o caracterizam…
Até aqui, tudo ok… agora, que não falem ao A. em fazer o Sinal da Cruz completo… Começa pela testa, sim senhor, passa para a boca… e daí 'salta' para a cruz grande!!
Recusa-se prontamente a fazer a cruz do peito e a dizer as palavras 'dos nossos inimigos'...
O motivo?
Resposta do A.:
"-Ó tia (é assim que ele trata a DL), porque eu não tenho inimigos!... "
E por mais argumentos que a 'tia' esgrima, a resposta do A. é sempre a mesma:
"- Já te disse q não tenho inimigos, tia… Não insistas… Se eu tivesse inimigos… Agora… eu NÃO tenho inimigos, tia!"
Mas a 'tia' lá vai insistindo, dizendo que sabe q o A. não tem inimigos, pois é um menino bom e simpático, mas que este sinal que é feito no peito visa proteger o nosso corpo e o nosso coração de todos aqueles que nos quiserem fazer mal, agora e sempre... porque infelizmente nem todas as pessoas são boas como o A..
E continua, dizendo que com este gesto no peito estamos também a pedir protecção para nós próprios não fazermos mal aos outros.
Mas para o A. estas explicações não lhe soam razoáveis, e por isso 'fica na dele'.

É deveras interessante a abordagem tão cuidadosa e atenta do A. neste gesto que muitos de nós, adultos, baptizados, fazemos diariamente... e quantas vezes não paramos para meditar em cada trajecto que desenhamos no nosso corpo.
Bom, é caso para dizer q é mesmo uma 'questão de peito' :-)